Os arubianos e os hotéis

vista de palm beach

Um hábito tipicamente arubiano é hospedar-se nos hotéis da ilha. Tem muita gente que estranha. Eu mesma, da primeira que ouvi, muitos anos atrás, que uma tia estava passando uma semana num hotel, estranhei. Como assim? Ela mora em Aruba e foi hospedar-se num hotel? A ideia me parecia muito esquisita. Por mais turístico que fosse o lugar, eu não conseguia entender a graça. Mas com o tempo e a convivência com um arubiano da gema me fizeram mudar de opinião.

Vejam bem, Aruba tem apenas 33 km de extensão por 9 km de largura. Então vocês podem imaginar que as opções de lazer são limitadas, pelo menos geograficamente. Claro que tem muito o que fazer, sendo um lugar tão turístico, mas muitas vezes você acaba preso na rotina do dia-a-dia e dar uma escapada para um hotel acaba sendo uma ótima diversão. Afinal, você vai estar naquele esquema de acordar, ir para a praia ou piscina, comer fora de casa e no caso dos arubianos, chamar a família e os amigos.

Ir para um hotel aqui é um evento social, o que não poderia deixar de ser, considerando como os arubianos são festeiros. É de bom tom que cada vez que você se hospeda no hotel, você ligue contando para todo mundo e convidando para visitar. Daí é só levar uma caixa térmica para por a bebida, salgadinhos e petiscos e aproveitar. Alguns hotéis são restritivos com o uso da piscina – só entra quem tiver uma fitinha no pulso – outros deixam que os hóspedes convidem amigos. Muita gente costuma inclusive comemorar o seu aniversário ou aniversário dos filhos nos hotéis. Acaba saindo mais barato pagar para hospedar uns dias e não ter que se preocupar com aluguel de salão, mesas, diversão e simplesmente deixar os convidados sentar na beira da piscina, bem relax.

Mais comumente os arubianos se hospedam nos timeshare, não pelo preço, mas pelo tamanho do quarto. Os quartos dos timeshare são maiores que os dos hotéis comuns, costumam ter balcão e sempre tem a cozinha totalmente equipada.

Bom, isso tudo para contar que na semana passada, a nossa família aproveitou as férias de outono – conhecida no Brasil como semana do saco cheio – no Radisson. Não, não é um timeshare. Mas eu tenho que explicar porque ficamos numa suíte. Aliás, ficamos não, meus sogros ficaram. Eles que se hospedaram lá por uma semana. Nós só dormimos lá na 6a feira e no sábado, apesar de termos ido passar o dia todos os dias.

Então aguardem o relato da nossa experiência no Radisson, com muitas fotos, a partir de amanhã. :)

Carubbian Festival – uma reportagem fotográfica

carubbian festival

Eu já falei um pouco do Carubbian Festival aqui, mas como uma imagem vale mais que mil palavras, uma reportagem fotográfica e com vídeo vai dar uma ótima idéia do que se trata. A oportunidade para as fotos veio na semana passada, quando foi inaugurado o posto de informações turísticas de San Nicolas, desenhado pelo meu querido marido. Olha só que lindão que ficou:

vista da fachada do posto

detalhe do interior

banda tocando

A inauguração teve show de música típica

O Carubbian é uma festa popular, promovida pelo ministério de turismo, que tem a intenção de preservar e mostrar a cultura popular, com música, artesanato e comidas típicas. Ele acontece em San Nicolas, todas as 5ªs feiras, das 18h às 22h. Os hotéis costumam vender um pacote que dá direito a transporte, ao show (que é a única parte paga do festival) e fichas para gastar lá – toda a comida vendida pode ser paga com fichas. Para os mais aventureiros, também é possível ir de ônibus de linha, que sai direto dos hotéis e cujo ponto final é bem na rua do festival.

mesa de pães e doces

vendedor de água de côco

confeiteira local

banca de artesanato

Artesanato local

banca de bijuterias

Eu, que sou do tipo que sempre está precisando de um brinco novo, adoro esse tipo de banca.

detalhe da banca de quadros e bijoux

banca de pulseiras coloridas

artesão

visão geral da rua

Outro motivo para ir ao Carubbian é conhecer o lendário Charlie’s Bar. Esse é um bar que existe há 71 anos, e, como tudo em San Nicolas, nasceu em função da refinaria. Dizem que a comida é ótima, mas o que chama a atenção mesmo é a decoração feita com milhares de badulaques trazidos por clientes. As pessoas costumam levar para lá alguma coisa típica do seu país ou da sua cidade e isso passa a fazer parte da decoração do bar.

fachada Charlie's Bar

vista do interior Charlie's Bar

Não dá pra ver muito bem, mas o lugar é apinhado de tranqueiras, inclusive o tetol

detalhe da fachada Charlie's Bar

A verdade é que visitar San Nicolas é atração turística até para nós de Oranjestad. O perfil da população é totalmente outro, inclusive lá é mais comum escutar inglês que papiamento. Em termos de perfil de habitantes é como se houvessem duas Arubas. Os moradores de Oranjestad, de modo geral, são de uma colonização mais antiga. Aruba  – ao contrário de Bonaire e Curaçao – nunca teve escravos. Para quem não sabe, os holandeses foram grandes mercadores de escravos e eles usaram suas colônias na época: Suriname, Curaçao, Bonaire e Sint Maarten como entreposto para o comércio negreiro. Aruba foi colonizada depois que a escravidão já tinha acabado, então quando os holandeses decidiram colonizar Aruba, os habitantes eram basicamente indígenas. De lá pra cá já houve muita miscigenação e muita imigração: de holandeses, chineses, filipinos, de muitos países sulamericanos e também de outras ilhas do Caribe. Mas, quando você pensa num arubiano da gema, tipicamente, ele não vai ser negro nem mulato.

Até que veio a refinaria, instalada em San Nicolas. Quando a refinaria veio, a cidade nem existia. Ela passou a existir como moradia para os trabalhadores dela. E esses trabalhadores vieram, em sua quase totalidade, de outras ilhas do Caribe. A quase totalidade das ilhas caribenhas fala inglês, as ilhas que, como Aruba, não tem o inglês como sua língua materna são exceção, o inglês é falado na grande maioria das ilhas. Então habitante típico de San Nicolas é negro, tem o inglês como sua língua materna e é protestante. Outra contribuição dos imigrantes que vieram para San Nicolas foi a parte musical. Foram eles que trouxeram os ritmos caribenhos que deram início ao carnaval arubiano 58 anos atrás.

Então, para finalizar, vou deixar um vídeo do Carubbian, com casais dançando merengue, que é um ritmo originário da República Dominicana e que não tem nenhum arubiano que não saiba dançar. :)

Carubbian Festival

A temporada de chuvas de Aruba

chuva vista da nossa casa

Chuvarada de hoje de manhã

Pode-se dizer que hoje oficialmente começou a temporada de chuvas de 2012 em Aruba. A chuva veio tarde e, pelo que estamos vendo, essa vai ser uma temporada bem seca, devido ao El Niño.

Eu expliquei um pouco como é o clima em Aruba nesse tópico aqui, mas o que as pessoas querem saber mesmo é quando chove e quanto chove. Então vamos às linhas gerais: se você vier entre fevereiro e agosto, a probabilidade de chuvas é bem pouca e mesmo que chova, não vai ser todos os dias, muito menos o dia inteiro.

Isso significa que a temporada de chuvas vai de meados de setembro até meados de janeiro. Setembro e janeiro são meses em que a possibilidade de chuvas é grande, mas ela não costuma ser constante. Um dia chove, outro dia não e por aí vai. Quando chove? Normalmente de madrugada ou de manhã.

Agora vamos à temporada de chuvas mesmo: de outubro a dezembro. Como costuma ser? Depende. Depende se nesse ano temos influência do El Niño, de La Niña ou de nenhum dos dois. Em 2010 nós tivemos a influência de La Niña e eu tenho pena dos turistas que vieram no outono daquele ano. Choveu todo santo dia desde a metade de setembro até a primeira semana de janeiro, inclusive ficamos mais de uma semana literalmente sem ver o sol porque durante estes dias choveu o dia inteiro, algo muito raro em terras arubianas. Os arubianos comentavam que nunca Aruba tinha ficado tão parecida à Holanda. :)

No ano passado tivemos uma temporada “normal”. O normal é que chova praticamente todos os dias, mas a chuva costuma ser de madrugada ou no máximo, de manhã. Depois sai o sol de rachar e em pouco tempo você esquece que choveu. No final de dezembro a chuva já foi rareando e em janeiro choveu bem pouco.

Já este ano está sendo um ano muito caloroso e seco. Hoje caiu a primeira chuvarada da temporada e segundo as previsões, esse outono vai ser bem seco. A chuva costuma vir em forma de uma forte pancada, como na foto abaixo e costuma ir embora igualmente rápido. Assim, que se você resolver aproveitar alguma das muitas promoções da baixa temporada (tem 4 estrelas com diárias de $180 😉 ), venha sem medo, porque, pelo menos esse ano, a probabilidade de você ficar o tempo todo dentro do hotel é nula.

pancada de chuva

Meu aniversário no Blossoms

retrato de familia

Dia 4 foi meu aniversário e resolvemos comemorar num dos nossos restaurantes favoritos, o Blossoms. Aliás, a temporada de aniversários em setembro está alucinante: estamos tendo uma média de 3 por semana. Na próxima é o aniversário da filhota e por isso não costumo fazer nada no meu. Festa de criança sempre tem aquelas preparações trabalhosas, como fazer convite, comprar coisas do tema, preparar os saquinhos surpresa, comprar os badulaques da pinhata e como a família do meu marido é grande, eu não tenho ânimo de receber mais de cem pessoas duas vezes no mesmo mês.

Fazia muito tempo que não íamos ao Blossoms, que é um restaurante asiático cujo forte é o show nas mesas de teppanyaki. Teppan yaki significa carne na chapa em japonês e os restaurantes de teppanyaki são muito populares nos EUA e, consequentemente, não podia faltar em Aruba. Pelo o que me consta, na versão brasileira, a carne e os legumes são levados para a mesa numa chapa, mas fora do Brasil, esse tipo de restaurante costuma incluir um show. Os clientes se sentam em cadeiras postas em forma de U ao redor de um balcão e no centro tem uma chapa, onde o chef prepara o yakimeshi, os legumes e a carne na frente dos clientes, normalmente fazendo malabarismos com os talheres, com os ovos e fazendo desenhos com o yakimeshi. Em cada mesa com show sentam-se até quinze pessoas, o que significa que, a não ser que você esteja num grupo grande, vai se sentar com outras pessoas. Na nossa mesa haviam dois outros casais, todos turistas americanos, muito sociáveis e falantes, como costumam ser.

Uma das coisas que gostamos (principalmente a filhota) no Blossoms é a decoração, cheia de efeitos com água.

aquario

filhota admirando uma das cascatasfilhota curtindo a cascatinha

 

O menu era simples, algumas opções de entrada e na seção de prato principal, basicamente o que você tem pra escolher são os tipos de carne que quer, porque o menu já inclui uma sucessão de pratos. Acabamos pedindo um tempurá de entrada, mas nem devíamos, porque acabamos não conseguindo terminar nossa comida de tão cheios. Os preços do prato principal variavam de uns $27 a $39, dependendo do tipo de carne. Pedimos dois special of the day, que naquele dia era um mixto de carne, frango e camarão.

A refeição começou com uma saladinha. Tomei uma piña colada para acompanhar aproveitando que não estava dirigindo. 😀

nossa salada e bebidasEm seguida havia duas opções de sopa, escolhemos a de frango (não me lembro qual era a outra). Na verdade é mais um caldo porque do frango mesmo, nem sinal.

sopa de frango Depois veio o tempurá que tínhamos pedido à parte.

tempuráA seguir, chegou o chef e começou o show. O primeiro truque que ele fez foi acender um fogo que assustou tanto a filhota, que demoramos quase dez minutos para que ela se acalmasse e aceitasse sentar-se na mesa outra vez. Por isso, fica um aviso aos pais de crianças pequenas: talvez seja uma boa ideia pedir ao chef para saltar essa parte do fogo. O resto do show, achamos bem fraquinho, talvez porque tenhamos tido um chef tão bom da última vez, que fazia tantos truques, que ficou aquela expectativa na nossa cabeça. Ele, por exemplo, só fez um desenho com o arroz enquanto o outro fazia vários, realmente brincava com a imagem. Então, a questão do show acaba dependendo muito de sorte, porque pelo visto, o nível dos chefs não é igual.

chef preparando o arroz

 A quantidade de comida acabou superando a nossa fome.

teppanyaki de carne e legumes

Para finalizar, faz parte do menu um sorvetinho. Como meu marido tinha avisado que era meu aniversário, o meu veio bem grandão, com uma daquelas velas que parecem um foguete e os garçons vieram cantar parabéns para mim.

meu sorvete de parabéns

A conta veio salgada, mas isso já sabíamos, saiu $114. Tínhamos pedido dois pratos, um tempurá de entrada e umas 4 bebidas. Os 15% do serviço vieram incluídos na conta. Resumo da nossa experiência: ficamos decepcionados com o show, que foi a maior razão de termos ido lá, mas a comida era farta e gostosinha. Bom, eu achei a carne salgada, meu marido achou normal, mas talvez seja porque eu ando usando cada vez menos sal, então pode ser uma questão de paladar.

Você já comeu em restaurante teppanyaki? Deixa o seu relato aí pra gente comparar nossa experiência. 😉

Miscelânea sobre as férias no Brasil

Pois é, passamos cinco semanas no Brasil. Parece muito, mas passa voando. Foram quatro semanas em Campo Grande, três dias no Rio e três em São Paulo. Como passamos o ano todo longe da família brasileira, sempre dá uma peninha de viajar. Mas esse ano meu marido se rebelou, porque já era a sétima vez que íamos ao Brasil e ele ainda não conhecia o Rio. Como das outras vezes eu sempre ficava 4 semanas, dessa vez, o jeito foi ficar cinco, daí meus pais não sentiram que a gente foi embora rápido demais e ainda deu pra fazer um passeinho. Observações gerais:

  • Muito curioso ver os jogos olímpicos no Brasil depois de tanto tempo. Em 2004, eu morava em Delft e em 2008, eu morava em Madrid. O que dá pra notar é como cada país acaba puxando a sardinha para os esportes em que o país tem tradição. Acho que desde o ano 2000 que eu não via um jogo de vôlei, porque nos países onde eu assisti os jogos, não se transmitia. Eu me lembro que na Holanda só dava hóquei o dia inteiro. Tipo a transmissão do futebol no Brasil, quando a tv transmite até os jogos em que o Brasil não está jogando. Em Madrid, eu alucinei querendo ver a ginástica artística, que eu adoro, mas nem rolou. Só transmitiam a ginástica rítimica, modalidade em que a Espanha tem um time competitivo. E os espanhóis também adoram todas as modalidades de ciclismo e o nado sincronizado. Mas o melhor do Brasil foi contar com quatro canais, cada um passando uma atração. Chegamos em Aruba a tempo de ver o último dia de competições e foi uma lástima, só tínhamos dois canais para escolher  – nbc ou tv holandesa –  e às vezes nenhum dos dois estava transmitindo nada relacionado aos jogos.
  • Seguindo o tema olímpico, deu um medão ver como no Rio ainda falta preparar…quase tudo. E eu, que sou velha e tenho ótima memória, ainda lembro que quando faltava pouco tempo para os jogos de Los Angeles em 84 e rolava aquela história do boicote da União Soviética, os coreanos disseram que se tivesse algum problema, os jogos poderiam ser realizados em Seul, porque já estava tudo pronto. Uns com tanto esmero e outros com tão pouco…
  • E pensando na questão da Copa, que já está chegando. Como os turistas vão fazer com esses aeroportos e essas companhias aéreas eu não sei. Ano vai, ano vem e tanto a Gol quanto a TAM continuam não aceitando cartão de crédito emitido fora do Brasil para comprar passagens pelo site. Daí você que é turista acaba tendo que ir ao aeroporto e pagando uma taxa de emissão super cara por não poder usar o site. No caso da Gol existe um atenuante: dá pra usar o site, fazer toda a reserva até a hora de pagar. Daí, quando você tenta pagar com o cartão internacional, eles dizem que não aceitam, mas que seguram a reserva pelo preço do site por meia hora, desde que você corra para o aeroporto para pagar lá. Bom não é, mas é menos mal. O inglês do povo que trabalha com turismo continua abaixo do mínimo necessário. Meu marido ligou para o atendimento internacional da TAM, falando inglês e o atendente respondeu em português, perguntando se eles podiam continuar a conversa nesse idioma. Sim, ele entende e topou, mas e os turistas que não são casados com brasileiras? Fora o inglês das comissárias de bordo, que continua sendo absolutamente incompreensível para não brasileiros.
  • No geral, achei a comida no Brasil muito salgada. Já vi que onze anos fora definitivamente mudaram meu paladar. Não estranhei nadinha a notícia de que os brasileiros consomem cinco vezes mais sódio que o recomendado.
  • Não compramos quase nada, mas achei os preços do supermercado um horror. Fui comprar seis ítens e gastei quase cem reais. Então para quem pergunta como são os preços dos supermercados em Aruba: é barato, galera. Bem mais barato do que o que vocês estão acostumados a pagar por aí.
  • Tive vários reencontros com amigos do colégio e amigos da faculdade. É engraçado que agora uma das perguntas das notícias a serem atualizadas é: como estão seus pais? Daí um conta do avc, outro do glaucoma, dos médicos, dos remédios. Vinte anos atrás estávamos na faculdade e provavelmente éramos fonte de preocupação para eles. Dez anos atrás, tudo o que importava era o trabalho e a carreira. Sempre que nos encontrávamos era para falar quem estava trabalhando, onde estava trabalhando, quem tinha sido promovido ou não, quem estava procurando trabalho. E agora o foco já mudou de novo e somos nós os que nos preocupamos pelos nossos velhinhos, hehehe.

As tartarugas marinhas de Aruba

placa explicativa postada num dos ninhos de tartaruga

Placa explicativa do projeto

Todos os anos as tartarugas marinhas das espécies tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), tartaruga-amarela (Caretta caretta), tartaruga-verde (Chelonia mydas) e tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) vem se reproduzir nas praias de Aruba. Na atual temporada já foram identificados e protegidos mais de 70 ninhos, a maioria em Eagle Beach. Este ano, alguns ninhos apareceram em Palm Beach também, algo que não é comum e fazia alguns anos que não acontecia. A época da posta dos ovos é de março a setembro e a época de nascimento é entre maio e novembro.

O nome da fundação que cuida dessas espécies é a TurtugAruba, que instrui turistas e trabalhadores dos hotéis para lidar com a situação dos ninhos, além de vigilá-los e protegê-los.

Tudo começa quando alguém avista uma tartaruga na praia, normalmente à noite. Quando isso acontece, a organização é avisada. Eles vêm, cercam o lugar, cadastram a época da posta e passam a cuidar o local periodicamente para assegurar-se de que ninguém vai entrar ou mexer. Eles também calculam a data aproximada do rompimento dos ovos. Quando essa época chega, se o ninho estiver na frente de um hotel ou restaurante, o estabelecimento é orientado a apagar todas as suas luzes que estão orientadas à praia para evitar que a tartaruguinha não se confunda. Isso porque os ovos normalmente se rompem à noite, devido ao resfriamento da areia e as tartaruguinhas recém-nascidas caminham em direção ao mar, seguindo a luz do luar. As luzes dos estabelecimentos podem guiá-las na direção contrária, fazendo-as correr o risco de morrer de desidratação ou atropelamento. Os turistas também são orientados a não tirar fotos com flash à noite na praia nem usar lanternas, isqueiros ou equipamento de filmagem para tentar visualizar o rompimento dos ovos.

Nós temos uma conhecida que trabalha na TurtugAruba e ela nos comentou como a colaboração dos hotéis aumentou nos últimos anos. No ano passado, o Bucuti chegou a ficar mais de uma semana com todas as suas luzes direcionadas à praia apagadas, inclusive o bar de praia deles não abriu. O que não deixa de ser louvável já que eles perdem uma graninha com o fechamento temporário.

As tartarugas marinhas põem seus ovos na praia onde nasceram e em cada desova, elas põem uns 115 ovos. Elas desovam de 6 a 8 vezes por temporada, mas só se reproduzem a cada 2 ou 5 anos. Parece muito, mas de cada 1.000 filhotes, apenas um chega a ser adulto.

Outras recomendações dadas durante a temporada: remover todos os obstáculos entre o ninho e a praia, como espreguiçadeiras ou equipamentos esportivos; não andar com o carro sobre a praia, porque a areia fica muito densa e as fêmeas não conseguem cavar para por seus ovos (deveria ser uma recomendação desnecessária) e não jogar lixo na praia, porque sacos plásticos e outros dejetos podem ser confundidos com comida e matar as tartarugas (idem). Assim que se você quiser colaborar, não faça nada ;), simplesmente deixe a natureza seguir seu curso.

Novos procedimentos de segurança em Baby Beach

vista de baby beach

 

Voltamos depois de ótimas cinco semanas no Brasil. Tem muito post novo para escrever, mas muita coisa para fazer por aqui também, então vou tentar ir atualizando aos poucos.

Uma coisa boa que aconteceu por aqui foi que na semana passada o ministro de turismo anunciou novos procedimentos de segurança para Baby Beach. Como eu expliquei no meu super detalhado post sobre Baby Beach e Rodgers Beach, nem todas as zonas de Baby Beach são seguras e o trecho piscinão engana muita gente.

O que o ministro anunciou foi o seguinte: o governo vai delimitar certas áreas com cordas e bóias para separar as zonas mais seguras das menos. Essas áreas vão ter cores específicas, de acordo com a seguinte tabela: as áreas rasas onde dá pé vão ter cor amarela, as áreas onde não dá pé vão ter cor azul e as áreas com correnteza vão ter cor laranja. Cartazes serão espalhados pela praia explicando as condições de segurança com um mapinha da praia, como eu já tinha feito para os meus privilegiados leitores. 😀 A outra medida vai ser a instalação de um posto de salva-vidas, algo que não existe em nenhuma outra praia de Aruba.

Também parte do projeto ser a reestruturação do estacionamento, ao parecer eles vão desativar o primeiro, que é pouco usado e fazer um parque, enquanto o segundo vai ser ampliado.
A princípio, tudo vai estar pronto em dois meses, antes da alta temporada.

A nossa experiência criando uma criança poliglota – parte 1

Faz muito tempo que estou enrolando para contar como está sendo criar uma criança numa ilha poliglota. Antes e depois de ser mãe, eu li muito sobre bilinguismo, trilinguismo, mas nunca li nenhuma experiência de alguém que tenha criado uma criança com cinco línguas diferentes (multilinguismo). E vejam bem, no nosso caso, não foi por opção, porque queríamos que nossa filha estivesse preparada para o mercado de trabalho, que ampliasse seus horizontes nem nada disso, simplesmente esse é o contexto em que nós vivemos.

Tudo começou quando eu me casei com um arubiano, oito anos atrás. Eu expliquei como o poliglotismo funciona na sociedade arubiana bem detalhadamente nesse post aqui. Desde o início do casamento e da decisão de ser mãe, eu soube que ia falar em português com a minha filha. É até estranho ter que explicar os motivos disto, mas depois de tantos anos fora do Brasil em países diferentes e de ver como a grande maioria dos brasileiros que mora fora não fala português com seus filhos, ou como alguns até começam a falar e depois que a criança responde as primeiras palavrinhas em outro idioma, já desistem e explicam para os amigos e familiares que a criança não quis aprender português, eu prefiro explicar minhas razões. Eu quis falar português porque quero que minha filha me entenda perfeitamente, não só entenda minhas palavras, mas entenda meus sentimentos, meu contexto. Quero que ela possa conhecer e conviver com a minha parte da família sem precisar de traduções. Quero que ela um dia possa ler os mails que eu mando para o email que nós criamos para ela quando ela tinha só alguns meses e onde eu conto como ela vai crescendo, para que nós duas possamos recordar os momentos importantes da sua vida. Quero que um dia ela possa ouvir e entender uma letra do Chico Buarque. Que um dia possa assistir e dar risadas com o Auto da Compadecida. Para mim, nunca foi importante saber se crianças que são criadas com mais de um idioma demoram ou não em falar, se têm melhor aprendizado, se são alfabetizadas mais facilmente, ou se diminuem suas chances de ter Alzheimer no futuro. Por que para mim, o valor de poder comunicar com minha filha na minha própria língua está acima de qualquer estudo ou pesquisa.

Por que deu certo

Acho que um dos principais motivos foi porque o meu marido apoiou, assim como a família dele. Nesses anos morando fora, todos os casos que eu conheci de mães ou pais brasileiros que nunca nem tentaram falar português com os filhos foi porque o parceiro e/ou a família não aceitou. É aquela coisa de: meu marido diz que vai confundir a cabeça dele/dela, minha sogra diz que o menino(a) vai responder alguma coisa que ela não entende, quando ele/ela crescer, eu ensino.

No nosso caso, meu marido já cresceu poliglota, como todos os arubianos. Além disso, ele conhece alguns arubianos filhos de estrangeiros que já tinham uma quinta língua. Para completar, a esposa do irmão dele fala com nossos sobrinhos em espanhol. Ela nasceu em Aruba, mas é filha de panamenhos, foi criada em espanhol e decidiu continuar falando a língua dela com os filhos. Assim que para ele e para a família dele falar a própria língua com o filho é algo normal e esperado. Curiosamente, da minha parte da família teve gente que achava que ele não devia falar papiamento, a língua dele, com a filhota. Por que é uma língua que só se fala em algumas ilhas do Caribe, por que todo mundo em Aruba fala inglês ou espanhol, então para que…Enfim, nenhum motivo que justifique que uma pessoa não possa falar a própria língua com seu filho.

Eu me lembro que quando a filhota tinha pouco mais de um aninho, eu li esse excelente post da Luciana Misura sobre bilinguismo e o que mais ficou martelando na minha cabeça foi a importância do número de horas que a criança é exposta ao idioma. Na época eu até comentei angustiada, pensando como eu ia ter uma criança que falasse português, sendo exposta a tantos idiomas, hehehe. No final foi mais fácil do que eu pensava.

Uma das coisas que eu tenho certeza que, no nosso caso, ajudou muito foi o fato de eu ter parado de trabalhar e ficado com a Diana. Por que o número de horas que a criança é exposta a um idioma conta muito, então se o pai ou a mãe, que são a única “fonte” do idioma para a criança, trabalha o dia inteiro, esse idioma já entra em desvantagem. Se uma criança filha de brasileiro(a) vai à creche ou escola durante o dia e só vai ouvir o português à noite e nos fins de semana, ela não vai estar sendo exposta ao idioma o tempo suficiente para ser fluente. Mais difícil ainda se um dos pais for do país, então a criança vai ter todo o meio (escola, amigos, família, vizinhos) falando uma língua e apenas algumas horas ou minutos ao dia escutando o português. Se esse é o caso, eu acho que vale muito a pena contar com a televisão (com vídeos), com livros e com a internet, que tem também muita fonte de vídeos legais para crianças.

A consciência de que a criança vai aprender a(s) língua(s) do lugar sim ou sim, sem que isso seja motivo de preocupação também ajuda. Desde que a Diana nasceu, eu assumi que a minha responsabilidade seria ensinar português, qualquer outra língua que procurasse o seu espaço, porque eu sabia que cedo ou tarde ela ia aprender. E inclusive tive que ouvir críticas ou comentários (que entravam por um ouvido e saíam pelo outro) porque ela até os 2 anos e meio não falava espanhol, que era o idioma do país em que morávamos.

A decisão de falar português com ela nos influenciou antes mesmo que ela nascesse. Antes mesmo de ficar grávida, nós decidimos mudar de cidade, porque morávamos em Barcelona, onde se fala o catalão e a idéia de expor um filho a uma sexta língua era aterrorizante até mesmo para nós, que já somos considerados loucos de pedra por muita gente, kkkk. Chegamos a buscar alguma escola holandesa por lá, não tinha. Queríamos até mesmo que fosse possível que a nossa futura filha estudasse numa escola em que se ensinasse o espanhol: também não rolou por causa do sistema de imersão imposto pelo governo catalão. Lá todas as escolas públicas ou privadas ensinam catalão e o espanhol é dado como língua estrangeira, poucas horas por semana. Nas escolas internacionais (existem escolas americanas, francesas, alemãs, etc), o catalão é obrigatoriamente a outra língua ensinada e não o espanhol. Então só nos restou procurar trabalho fora da Catalunha. Por sorte, no mesmo mês que eu fiquei grávida meu marido conseguiu um trabalho em Madrid, onde nasceu a filhota.

Outro fator que eu acho que ajuda é não deixar passar quando a criança fala errado. Uma criança exposta a mais de uma língua, invariavelmente vai trocar alguma palavrinha e misturar idiomas. O problema é que alguns pais identificam esses errinhos como uma vontade, como se a criança não quisesse ou se recusasse a falar em português. Só que eu sempre encarei como uma simples falta de vocabulário, então se ela fala uma palavra em algum outro idioma, eu corrijo e repito a frase como deveria ser.

E finalmente, nunca li isso em nenhum livro, mas eu resolvi nunca falar palavras de bebezinho com ela, tipo: papá, mimir, tetê, etc. Por que eu acho que ela já precisa aprender tantas palavras em tantos idiomas, que não vejo o sentido de usar palavras que só servem para uma certa época da vida.

Mas o nosso caminho para o multilinguismo foi complexo, com mudança de país, ajustes e bastante jogo de cintura, por isso vou explicar como exatamente foi o processo de aquisição da linguagem no próximo post.

Seguro de viagem internacional ou saúde em Aruba

Estamos a menos de uma semana de ir para o Brasil e entre os itens obrigatórios para os nossos preparativos de viagem está contratar um seguro de viagem internacional. Então, deixa eu aproveitar para esclarecer as dúvidas de quem está vindo e quer saber como funciona a saúde aqui também.

Sobre como funciona o sistema de saúde para locais, eu expliquei nesse post aqui. Só que se você vem como turista, nada disso vale para você. Até onde eu sei, independente do tipo de sistema de saúde que cada país tenha – pública ou privada – as regras só valem para cidadãos e não incluem turistas. Então para você, tudo sempre vai ser pago. Inclusive os remédios que, como eu expliquei, são gratuitos para os locais, desde que sejam prescritos por  um médico. Existem bem poucos remédios que podem ser comprados sem receita, basicamente xaropes para tosse e vitaminas. O resto todo somente com receita. Por isso vale a pena se precaver e trazer os remédios que você possa precisar. E eu acho que vale a pena ir para todas as partes com um cartão de crédito, porque mesmo em caso de urgência, eles vão pedir, sério. Nós conhecemos uma americana que se hospeda aqui há muitos anos. Ela tem um quarto por onze semanas consecutivas no mesmo hotel timeshare que meus sogros tem, então digamos que ela praticamente mora aqui quase três meses do ano. Uns anos atrás, ela sofreu um acidente de carro num cruzamento, por sorte perto do hospital. Ela quebrou o braço, sofreu umas contusões e foi levada ao hospital com rapidez. Meio grogue e assustada, ela estava ainda na maca dentro da ambulância quando o paramédico perguntou se ela tinha cartão de crédito com ela. Como ela ainda estava meio zonza, não respondeu na hora. O paramédico resolver repetir a pergunta em vez de perguntar como ela se sentia, hehehe. Segundo ela nos contou, o pessoal só ficou tranquilo para atendê-la depois de ter certeza de que ela sim, tinha um cartão de crédito. :)

Como funciona

De nada adianta fazer um seguro de viagem e não saber usar. Isso eu descobri por conta própria uns anos atrás. A primeira vez que eu viajei para fora do Brasil foi nos idos de 97, quando eu fiz um mochilão pela península ibérica. Precavida, fiz um seguro de viagem assim que eu comprei a passagem. Um belo dia, caminhando em Córdoba à noite, eu pisei em falso e torci o pé. Pensando que não tinha sido grande coisa, eu fui dormir tranquila. No dia seguinte, parecia que tinha nascido uma batata no meu tornozelo. 😮 Resolvi ir para o hospital, onde enfaixaram meu pé, me deram uma receita de anti-inflamatório e me mandaram comprar uma tobillera (tornozeleira), aumentando o meu vocabulário de espanhol da época. :p Eu guardei o recibo de tudo e voltei para o Brasil tranquila, segura de que tudo ia ser ressarcido. Afinal, era para isso que eu tinha feito o seguro, certo? Errado.

Não é assim que funcionam alguns seguros de viagem. Normalmente, eles te dão um número de atendimento 24h e qualquer coisa que aconteça, a não ser que seja urgência mesmo, tipo um acidente, é preciso uma autorização do seguro. Nos destinos mais comuns – e esse é o caso de Aruba – o seguro tem acordo com alguns médicos e ao ligar para o número de atendimento, eles mandam um médico para o seu hotel ou te dão o número de um médico para que você mesmo ligue. Esse médico vai te receitar o que você precisa e, se necessário, autorizar a sua ida para um hospital ou clínica conveniada com o seguro. Eu sei que existem várias clínicas que atendem com convênio de seguradoras aqui em Aruba, mas é inútil eu dar o endereço ou telefone porque a seguradora é que pode informar qual você pode ir.

Outro exemplo de como funciona um seguro. Na época que as nuvens do vulcão islandês paralisaram quase toda Europa, eu tinha duas conhecidas de férias no México, cada uma com seu marido. Os dois casais tinham seguro de viagem. Ao término da estadia não havia vôos para voltar para a Espanha e eles foram forçadas a ficar alguns dias mais. O que um casal fez? Resolveu pagar o resort que eles estavam alguns dias mais e quando voltaram para casa foram tentar reaver o dinheiro. O seguro deu uma banana para eles. O que o outro casal fez? Ao serem avisados de que não podiam voltar para casa, ligaram para o seguro. A seguradora disse que havia feito um acordo com um hotel do centro, um três estrelas bem longe da praia e do resort onde eles estavam hospedados. Eles foram para esse hotel, sem precisar pagar nada e ficaram lá esperando que os aeroportos europeus fossem reabertos. Então, fique ligado nas regras da seguradora para não fazer seguro à toa.

O nosso caso

Não sei como é no Brasil, mas aqui existe a opção de se fazer um seguro de viagem anual. A vantagem, em 1º lugar é econômica. Como vamos por algo mais que 30 dias, se fizermos um seguro por dia, o preço sai o dobro do que vamos pagar por um seguro anual. E com esse seguro estamos tranquilos para o resto do ano, os três. Assim que não tenho que preocupar com alguma viagem de trabalho que meu marido possa fazer ou se resolvermos aproveitar a semana do saco cheio em outubro.

Nas últimas vezes que fomos ao Brasil, fomos sem seguro. Mas no ano passado meu sogro teve um piripaque enquanto estava fazendo um cruzeiro e teve que ser hospitalizado de urgência. E também uma das minhas sobrinhas teve um ataque de bronquite enquanto estava de férias na Disney. Nem meus sogros nem meu cunhado tiveram que gastar nada porque o seguro cobriu. Como não estamos a fim de dar mole (vai que somos os próximos da lista), este ano viajamos com seguro sim.  E você, já precisou usar seu seguro de viagem? Conta aí como foi!

O bondinho e a renovação de Oranjestad

O mesmo trilho vai ser usado na ida e na volta, para que haja espaço para as pessoas caminharem

 

O centro de Oranjestad está passando atualmente por uma grande renovação, com a instalação dos trilhos para o bonde ou streetcar, que deverá começar a funcionar em dezembro deste ano ou janeiro do próximo. Vai ser um bondinho aberto, no estilo do de Santa Teresa, mas um deles vai ter dois andares. Ele vai sair do porto, onde descem os turistas dos cruzeiros, vai ir até o final da rua principal – a Mainstreet para os turistas ou Caya Grandi para os locais – e voltar ao porto, contando com algumas paradas ao longo do caminho. Vai ser totalmente gratuito e faz parte de um grande processo de revitalização do centro.

Quando meu marido foi convidado para trabalhar aqui, dois anos atrás, o ministro-presidente contou para ele que tinha esse projeto-sonho-visão de levar um bonde para a rua principal. A nossa reação e de praticamente todo mundo foi de ceticismo: para que um bonde? quantas outras coisas dá para fazer com esse dinheiro? por que não um mini-ônibus? Estes e tantos outros questionamentos foram ouvidos nas ruas e no parlamento.

Aos poucos nós começamos a entender o contexto e as razões que levaram a esse projeto de trazer um bonde para Aruba e resolvi contar para vocês. Aruba recebe quase um milhão e meio de turistas ao ano e desse total, 41% são turistas de cruzeiros, que passam apenas algumas horas na ilha. O comércio do centro sempre viveu essencialmente dos locais e desses turistas, que eram a alma dessa região até os anos noventa. Em 1996 foi inaugurado o Royal Plaza, bem em frente ao porto. Se alguém já veio a Aruba deve se lembrar desse shopping, pela singela razão dele ser cor-de-rosa. :) Um efeito que ninguém esperava da inauguração do Royal Plaza é que, de certa maneira, ele “tapasse” a entrada para a rua principal. Antes, os turistas chegavam lá naturalmente, ao descer do navio. Com a inauguração dele, chegar à rua principal deixou de ser natural e passou a ser praticamente um acaso para o turista de cruzeiro. Além disso, a maioria acaba não caminhando toda a rua e o passeio acaba já nos primeiros metros. A importância desse público não é somente pelo fator de compra, mas porque muitos deles usam sua viagem de cruzeiro para escolher um próximo destino de férias, então impressão é tudo.

Eu continuo adorando fazer mapas em Google Maps. Em azul está a rua Betico Croes, conhecida com Mainstreet e de vermelho está a rota do trem, ligando o porto à rua principal. O percurso total vai ser a parte de vermelho e a parte de azul.


View Caya Betico Croes in a larger map

Atualmente, o turista de cruzeiro típico caminha ao longo da Marina, onde não tem muito comércio, com exceção de algumas lojas de super luxo, chega até o Seaport Mall, um shopping à beira-mar em frente ao Renaissance, toma alguma coisa por lá e volta para o navio. O tempo de permanência médio na ilha é de pouco mais de 1 hora. Tudo isso está a ponto de mudar com a disponibilização de um meio de transporte gratuito que vai levá-los onde eles tem que ir. A parcela de turistas que toma algum dos muitos tours oferecidos na chegada também vai ser afetada, porque o governo fez um acordo com as operadoras de turismo para que ao fim do tour, eles não sejam levados mais ao navio de volta, mas sim deixados no final da rua principal, onde irão tomar o bonde, de graça, e aproveitar para ver essa parte da ilha.

O outro motivo do bondinho é o chamado “produto Aruba”. Aruba é uma entre centenas de outras ilhas caribenhas e cada uma delas precisa ter um diferencial para atrair turistas. Existem muitas medidas que estão sendo tomadas para reforçar esse diferencial e o bondinho certamente é uma delas. Algumas semanas atrás, meu marido explicou o projeto de revitalização do centro para um grupo de profissionais do ramo de cruzeiros. Eles ficaram animadíssimos, dizendo que finalmente uma ilha resolveu inovar e melhorar seu leque de atrativos. Segundo eles, atualmente Aruba é a única ilha que está trabalhando no sentido de diferenciar-se dos outros destinos. Para eles também, ter um diferencial tão único, como um bondinho, ajuda muitíssimo na hora de vender um pacote. Senão fica aquela coisa: no 1º dia vamos a uma ilha caribenha com areia branquinha, no 2º dia vamos a outra ilha caribenha com areia branquinha, hehehe. A chegada do bonde já está atraindo novas lojas e muitas das atuais estão em reforma. Também faz parte do projeto a criação de pequenos espaços públicos ao longo da rua, como mini-pracinhas com quiosques para venda de produtos alimentícios e lugares para sentar-se.

Quem vier para Aruba a partir do próximo verão vai poder aproveitar em primeira mão essa experiência de passeio de bondinho centro. 😀