Sinterklaas está em Aruba

Os turistas que vem a Aruba nesta época do ano podem viver um pouco da experiência de Sinterklaas, que está passando a temporada em Aruba.

Essa é uma tradição holandesa que se reproduz aqui também. Como eu comentei antes, ele é quem vem dar presentes às crianças arubianas. A figura do Sinterklaas é inspirada em São Nicolau de Bari, que foi bispo na região de Mira, na atual Turquia. Aliás, ele está enterrado em Istambul, e segundo me contaram alguns conhecidos, não é difícil ver holandeses perto de seu túmulo cantando musiquinhas tradicionais, hehehe. Existem muitas lendas a seu respeito que o fizeram conhecido por preocupar-se com a educação das crianças e suas mães. Também há uma lenda que conta que um pai não tinha dinheiro para o dote para casar a filha e dizem que São Nicolau subiu na chaminé e deixou algumas moedas de ouro para ajudar.

Bom, de tudo isso, acrescentaram-se outros elementos e o mito do Sinterklaas holandês ficou assim: ele é alto e magro, usa roupas de bispo, segura um cajado, vem de Madrid (!), de barco (?!), montado em seu cavalo branco chamado Américo e com seus ajudantes, que tem todos o mesmo nome: zwarte piet (pedro preto). Essa parte dos ajudantes é bem controversa porque obviamente há um elemento de racismo aí. A festa de Sinterklaas tornou-se mais tradicional na Holanda no século XIV, época em que os negros não eram ajudantes, mas sim escravos. E os holandeses (juntamente com os portugueses) foram grandes traficantes de negros, inclusive as ilhas de Bonaire e Curaçao eram centros de comércio de pessoas. Ainda vou escrever um post contando a diferença demográfica entre Aruba e essas outras duas ilhas.

Segundo registros antigos, as crianças holandesas eram ensinadas que o Zwarte Piet era um demônio vencido pelo bispo e outros diziam que era um escravo africano que tinha deixado o paganismo e abraçado o cristianismo. Com o tempo, tanto uma quanto a outra história passaram a pegar mal, então atualmente dizem que o Zwarte Piet está escuro por causa da sujeira do carvão das chaminés. Não sei como essa história entra na cabeça das crianças arubianas, que só conhecem chaminés através de desenhos ou fotos. Sinterklaas tem um caderno onde está anotado tudo o que cada criança faz de bom e de ruim. A função do Zwarte Piet é ajudar o Sinterklaas entregando presentes para as crianças que se comportam bem. Já as que se comportam mal, ele põe no saco e leva pra Madrid. Ele também pode deixar um pacote de sal para as que não se comportaram tão mal assim.

Na época em que morávamos em Madrid era super engraçado perceber a curiosidade das crianças da família em relação a nós, que morávamos no mesmo lugar que o Sinterklaas. Meu marido até brincava dizendo que alguns anos antes ele não tinha se comportado bem e foi assim que ele foi parar lá, no saco do Zwarte Piet.

zwarte piet e seu saco

O Zwarte Piet e o seu saco estão por todas as partes. Esse aí está na escola de balé da filhota.

Sinterklaas se transformou em Santa Claus ou Papai Noel quando holandeses imigraram para Nova York e se instalaram por lá. Outra diferença entre um e outro é que Sinterklaas não vem por um dia, mas sim por uma temporada. Ele chega em meados de novembro e sua chegada é um grande evento.

Todos vão ao porto esperar sua chegada e os que podem, inclusive acompanham o barco até o cais, para dar as boas vindas.

 

barco Sinterklaas

O barco grandão tem Sinterklaas e sua comitiva chegando a Aruba.

Outra coisa legal é que só existe um Sinterklaas em Aruba. De modo que, ao contrário do Papai Noel no Brasil, não é possível ver um numa loja e outro bem diferente em outra, apenas 30 segundos depois. O Sinterklaas tem uma programação bem agitada, visita escolas, vai a eventos e até vai a lojas. A programação dele é comentada na rádio e na tv e assim é possível saber onde ele vai estar cada dia.

Oficialmente, ele entrega os presentes quando vai embora, no dia 6 de dezembro. Na noite anterior, as crianças deixam os sapatos para fora com cenoura para o cavalo dele e no dia seguinte, a cenoura desaparece e em seu lugar aparecem doces: kruidnoten (uma bolachinha pequena, redonda e adorada por todos aqui em casa) e/ou uma letra de chocolate. Os holandeses costumam por a letra do sobrenome da criança, o que faz com que todos da casa tenham a mesma letra (e também que existam letras dificílimas de encontrar, como o R ou o S). Eu acho isso muito sem graça por isso aqui em casa, damos a letra do nome. Como a filhota está se comportando muito bem, a letrinha dela já está garantida.

letra de chocolate

Existem pessoas que dão presentes diversos, brinquedos, etc. Nós não vemos a necessidade disso nem nossa filha. Acredite se quiser, mas ela já disse às duas avós que não quer nada de presente de Sinterklaas ou de Natal. Disse à vovó do Brasil que já tem muitos brinquedos e disse à Oma de Aruba que já tem muitas roupas e muitos sapatos. Como ela já tem essa qualidade rara de não ser gananciosa e nós não pretendemos estimular, ela vai ganhar seu saquinho de kruidnoten e a sua letrinha. 😉

Velório e enterro em Aruba

coroa de flores

Sabe um choque cultural que eu nunca ouvi nenhum expatriado falar? É a questão dos costumes em relação à morte. Em Aruba a questão do velório e enterro é tão diferente do Brasil que não consigo deixar de comentar. Em outubro eu completei dez anos fora do Brasil e nove anos junto com meu marido. E eu posso dizer com bastante segurança que em todo esse tempo não houve uma única vez que, ao ouvir falar de uma notícia de morte/velório/enterro, ele não expressou espanto com a rapidez que esse ciclo se completa no Brasil.

Ele (e todos os outros estrangeiros que já conheci) fica absolutamente chocado ao ouvir que existem pessoas que são enterradas no mesmo dia que morreram e até já me perguntou se no Brasil alguém já ouviu falar de catalepsia. Eu já respondi que sim, mas aparentemente ninguém dá muita bola para isso ou prefere acreditar que é algo que só acontece com os mortos dos outros.

Nos três países que já morei: Espanha, Holanda e Aruba, o processo acontece mais ou menos assim: o enterro acontece entre 4 a 7 dias da morte e o velório acontece neste período. O corpo normalmente fica na geladeira da funerária e a família pode optar por condolências com o corpo presente ou não. O mais comum é que a família vele o corpo a sós e as condolências sejam recebidas numa sala da funerária ou em casa. O lugar de receber as condolências e o horário são publicados no jornal. Aliás, a questão do anúncio no jornal é muito curiosa aqui em Aruba. Além da família anunciar, também as empresas/instituições que tinham alguma relação com o morto ou com sua família o fazem. Por exemplo, saem muitos anúncios assim: estamos consternados em anunciar o falecimento de fulano de tal, (avô, pai, irmão, marido, primo, cunhado, sogro, tio) da nossa funcionária fulana de tal. Isso faz com que cada morto tenha vários anúncios e também que os jornais tenham várias páginas de obituário, mesmo com poucas pessoas falecidas. Eu já cheguei a pensar se as empresas tem uma verba especial para estes anúncios.

Talvez muitos brasileiros pensem que não existe nenhum motivo para esperar para enterrar, principalmente quando a questão da catalepsia pode ser descartada (num acidente, por exemplo). Mas outro motivo importante é que sempre se espera pela chegada de parentes para que eles também possam passar pelo processo de se despedir da pessoa querida. Aqui ainda existe o fato de que, na grande maioria dos casos, existem parentes que vivem fora, normalmente na Holanda, que tem que fazer seus arranjos para poder vir ao funeral. Eu, pessoalmente, acho essa decisão bastante respeitosa com os que vivem longe e importante para o processo de luto.

Antes do enterro acontece a missa de corpo presente. Nem aqui, nem na Holanda, nem na Espanha existe a missa de sétimo dia nem nunca se ouviu falar disso. Como esse processo de tornou tão rápido no Brasil é uma curiosidade que eu tenho assim como saber se essa rapidez tem paralelo em algum outro lugar do mundo ou é exclusiva nossa.

Presente real

Semana passada meu marido teve uma tarde de Oprah, como ele diz: de surpresas e presentes. Ele e alguns outros organizadores da visita foram avisados que tinham recebido umas lembrancinhas da Rainha. Ao parecer, na sua volta à Holanda, ela foi às compras e resolveu mandar uns presentinhos para agradecer àqueles que trabalharam para que tudo corresse bem na sua visita. Está bem, não foi ela, deve ter sido a secretária do assessor de alguém que trabalha pra ela, mas já valeu.

Olhem só os mimos. Eu consegui tirar fotos deles ainda em suas caixas porque em Marte ou qualquer que seja o planeta de onde vêm os homens, a curiosidade definitivamente não existe. Meu marido foi capaz de deixar os presentes devidamente embrulhados para abrir junto comigo horas depois, enquanto eu demoraria uns 5 segundos para abrí-los imediatamente após receber.

presentes com cartão

Embrulhadinhos com selo, laço e cartão

Detalhe do selo real

Detalhe do selo real

Os presentes não estavam embrulhados em papel, mas sim numa espécie de couro fino, não sei se de algum animal ou sintético.

O que eram?

vista geral dos presentes

O presente grande era uma foto autografada da Rainha. O médio era uma peça de porcelana com o símbolo do reinado dela, vejam o detalhe da letra b em forma de coração. Esse b unido com um c na frente, formando uma espécie de coração foi desenhado pela própria rainha. Dizem que para homenagear o seu finado marido Claus.

porcelana real

E o pequeno foi a moeda comemorativa que se fez para a visita. Pela primeira vez, na história do reino holandês, foi cunhada uma moeda com cores. Na parte de cima, a cor da casa real e na parte de baixo as cores de Aruba.

moeda real

O que estava escrito no cartão? Nem beijinho nem abraço, hehehe. Simplesmente: Sua Majestade a Rainha.

Cartão real

Como funcionam os postos self-service

Quem aluga carro em Aruba muitas vezes tem aquela surpresa na hora de abastecer ao notar que aqui quase todos os postos funcionam com sistema de self service

O preço atualmente (junho de 2015) está em1,894 florins ($1,064) por litro. Esse é o preço da gasolina premium, já que aqui não existe gasolina comum. Para aqueles que pretendem alugar carro em Aruba, eu preparei algumas dicas sobre como abastecer em um posto self service.

1. Embora todos postos funcionem em esquema de self-service, às vezes tem alguém para por a gasolina para você. Algumas vezes, aposentados ou imigrantes que querem ganhar uma graninha extra ficam nos postos se oferecendo para ajudar. Normalmente eles não são empregados do posto, embora muitas vezes tenham um boné ou até uma camiseta com o logotipo do lugar. Como eles não tem salário, lembre-se de deixar um dólar ou dois florins de gorjeta pela ajuda. Esses “ajudantes” são mais comuns durante a semana, nos finais de semana eles desaparecem e daí você vai ter que por a gasolina você mesmo. Calma, não é nada do outro mundo. Todo mundo aqui consegue encher o tanque do próprio carro, você também vai conseguir.

2. O sistema funciona assim: você para em frente à bomba de gasolina, olha o número dela para dizer no caixa e entra no posto para pagar, antes de por a gasolina no seu carro. Se você pagar 20 florins, por exemplo, a bomba automaticamente vai parar de dispensar gasolina quando o marcador chegar a esse preço. Os preços sempre vão estar em florins e não em dólares!

3. Não são todos os postos que aceitam cartão de crédito, por isso dê uma olhada na janela onde normalmente eles põem que tipo de pagamento que aceitam. Por outro lado, grande parte dos cartões de débito brasileiros funcionam aqui, da mesma maneira que eu uso o meu cartão de débito tranquilamente no Brasil. Veja se o seu cartão de débito tem o chip maestro, cirrus ou visa electron, que costumam ser os mais comumente aceitos.

4. Se você quiser encher o tanque, você vai ter que pedir que eles abram a bomba para poder fazê-lo. Se eles vão abrir ou não, depende do humor de cada um e deles irem com a sua cara. Só uma vez, a caixa perguntou se eu ia fugir, me olhou uns 10 segundos e resolveu que eu era confiável o suficiente para pagar depois. Em todas as outras vezes, elas me abriram a bomba sem problema. Acho que ajuda o fato de eu sempre ter uma criança no carro. A probabilidade deles se negarem a abrir é maior quando quem está com o carro é um homem ou jovens.

5. Se você for encher o tanque, lembre-se de puxar uma alavanquinha que segura o gatilho da mangueira e ele vai fazer click quando o tanque estiver cheio. Você guarda a mangueira e vai ao posto pagar. Você não precisa memorizar o preço que deu no marcador. Ao entrar é só falar o número da bomba e ela saberá o quanto cobrar.

6. Como cada carro tem sua maneira de abrir o tanque, sempre é bom dar uma perguntada na locadora de automóveis ou ler o manual antes de ir abastecer. Vai te poupar um bom mico.

Visita real – 2º dia – Juana morto

Mais uma vez, vou começar com um pouco da história do projeto. Como eu comentei em outro post, Aruba tem uma deficiência grande de infraestrutura de espaço público. Isso é especialmente notável nos bairros, onde poucas vezes existe uma calçada decente, a iluminação é deficiente, além de normalmente usarem aqueles postes horríveis com fios que ficam expostos, cheios de restos de pipas.
Até pouco tempo atrás, todos os governos estavam sempre focando em melhorar a parte que os turistas visitam, enquanto os bairros continuavam com uma aparência bem terceiro mundista (eu notei isso principalmente depois que conheci Curaçao, que tem uma aparência bem melhor que Aruba em termos de infraestrutura). É desse contexto que vem a proposta atual, que foi criada a partir de um modelo de bairro criado por meu marido. Esse modelo abrange espaço para pedestres, iluminação, arborização, espaços para convívio social, etc. Há alguns meses atrás resolveram escolher um bairro que pudesse ser usado como modelo e o bairro escolhido foi juana morto.
Esse bairro provavelmente está entre os bairro mais necessitados da ilha. Em termos de Aruba, ele fica onde o gato perdeu as botas. Está ao final de San Nicolas, depois do centro, depois que se passa por tudo o que há de passar. É literalmente, o mais longe que se pode chegar naquela parte da ilha. Depois dele não há mais nada. Esse bairro é de casas populares construídas pelo governo há alguns anos. São casas minúsculas, de quarto e sala e os moradores pagam ao governo um aluguel de menos de 50 reais por mês.
Antes de iniciar-se o projeto, não havia iluminação pública e o ônibus não chegava lá. Isso significa que os moradores tinham que descer em outro bairro e caminhar a pé na escuridão para chegar às suas casas. O bairro é pequeno, só tem 4 ruas e apenas a primeira foi remodelada nessa primeira fase. Como as outras ruas continuam como inicialmente, foi possível para a rainha e sua comitiva verem a diferença que a remodelação fez.

Aqui estão algumas fotos das casas ainda não remodeladas.

Ruas de terra da parte não remodelada

Ruas de terra da parte não remodelada

casa da parte não remodelada

E aqui algumas fotos da parte remodelada.

As casas passaram a ter muro e pérgola para proteger do sol

As casas passaram a ter muro e pérgola para proteger do sol

Um dos problemas que os moradores enfrentavam era ter formas de amenizar o calor. A grande maioria não tem ar condicionado e se tivessem não teriam como pagar a eletricidade (que aqui vale ouro, na nossa casa pagamos mais de 500 reais por mês só de luz). Então muitos começavam a plantar àrvores grandes perto das casas. O problema das árvores é que à medida que elas cresciam, elas afetavam a fundação das casas e começavam a aparecer rachaduras.

casa com painel solar

Nos telhados foram instalados painéis solares para ajudar com a conta de luz, caso eles possam comprar ar-condicionado (acreditem, aqui em Aruba isso é uma necessidade). E os telhados foram pintados de branco, o que por si só diminui o gasto com ar condicionado em 20%, já que ajuda a refletir o sol. A propósito, no Brasil também existe um projeto que informa os benefícios dos telhados brancos, é o projeto One Degree Less, se quiserem saber mais, cliquem aqui.

Detalhe da rua e da calçada

Na frente das casas, foram instalados postes de luz, calçadas decentes, lugares para estacionar e foi plantada uma árvore grande a cada duas casas.

Vista geral da rua remodelada

Aqui dá pra ter uma visão geral de como ficou essa primeira rua. Ao final dela, foi feita uma rotatória para a nova rota do ônibus e também um gazebo. Eu não sei se existe esse nome em português, mas é uma estrutura em forma de um coreto. Esse gazebo foi pedido pelos moradores para que seja um espaço onde eles possam confratenizar nos fins de semana, jogar cartas, dominó, fazer um churrasco, etc. Ao longe, bem pequenininho, quase não se pode ver, foi instalado um telefone público, já que alguns moradores não tem telefone.

Agora vamos à visita da rainha. A visita estava marcada para as 11h, mas o ônibus dela chegou com meia hora de atraso porque eles foram antes ao parque Arikok para fazer uma visita. Eu tenho que tirar o chapéu para a rainha porque nesse dia em particular, o sol estava de rachar e fazia um calor dos infernos. Mesmo assim, ela sorriu o tempo todo, foi simpática, atenciosa e escutou tudo com atenção. Considerando que ela tem 73 anos, eu acho louvável essa disposição toda.

Nessa visita em particular, o acesso foi um pouco restringido. Como o bairro é muito pequeno e há poucos lugares para estacionar, eles resolveram que os carros fossem estacionados a umas 6 quadras de distância. De lá, era preciso vir a pé. O legal é que a maioria das pessoas que estavam lá eram moradores de San Nicolas e, como foi num sábado, muitos que não puderam ir ao linear park no dia anterior, puderam estar presentes.

Jornalistas a postos para a chegada da Rainha

Jornalistas a postos para a chegada da Rainha

A guarda real estava espalhada por todo o bairro

A guarda real estava espalhada por todo o bairro

casa enfeitada

Alguns moradores enfeitaram a casa para a visita

Sua Majestade a Rainha

Sua Majestade a Rainha

Princesa Máxima e Príncipe Willem

A Princesa Máxima, sempre simpática e elegante

O programa lá durou uma hora: primeiro falaram com os representantes do departamento de habitação social, depois com os moradores, assistiram a uma apresentação de dança típica, visitaram uma casa ainda não remodelada, ouviram a explicação do meu marido tanto do projeto de bairros quanto da renovação específica desse bairro e depois visitaram uma casa remodelada. Eles foram simpáticos, fizeram comentários sobre as cores, a iluminação e expressaram o desejo de que o projeto continue.

A princesa prestando atenção às explicações do maridão

A princesa prestando atenção às explicações do maridão

A parte anedótica da visita foi a hora em que o príncipe entrou no ônibus com ar-condicionado. Ele se deixou cair na cadeira como se estivesse quase desmaiando. Todo mundo ficou comentando que, se para nós já fazia muitíssimo calor, como eles não deviam estar se sentindo.

Para quem ficou curioso sobre o nome do bairro. Aparentemente, há muitos anos uma mulher chamada Juana foi encontrada morta por lá. Já houve quem sugerisse que com a remodelação, o nome deveria mudar para juana vivo, mas os moradores já se apegaram ao nome. Tem gosto pra tudo.

Convite real

Algumas pessoas ficaram curiosas acerca da recepção que eu não fui, hehehe. Não tenho nenhuma foto dela, e acho que ninguém tem porque era proibido, então vou contribuir com o que eu posso. Eu imagino que a maioria de vocês nunca tenha recebido ou sequer visto um convite real, por isso resolvi por o que meu marido recebeu aqui.

Brasã da família real holandesa

A capa do convite tem o brasão real holandês, com a inscrição em francês arcaico “Je maintiendrai”, ou “Eu manterei”. Esse lema é símbolo da disnastia de Orange desde tempos remotos, antes que parte deles fosse para a Holanda e se tornasse a família real.

texto do convite real

O convite foi feito pelo governador de Aruba. Esse governador não é eleito, mas sim indicado pelo parlamento holandês para representar o estado aqui. E eles foram oficialmente os anfitriões da Rainha Beatrix, já que ela não tem ligação com o chefe de governo nem com nenhum partido político.

O convite inicia com os nomes do governador e de sua esposa convidando para a recepção por ocasião da visita da Sua Majestade a Rainha.

Depois vem a data e a localização: o grande salão de festas do hotel Hyatt. Abaixo vem qual a roupa a ser usada: terno de negócios. E pede a confirmação da presença.

À parte, veio um cartão com recomendações para a ocasião:

recomendações do convite real

  • Este convite é estritamente pessoal e não lhe dá direito a acompanhante.
  • O senhor precisa mostrar esse convite para poder ter acesso.
  • A sua presença é esperada entre as 20.00 e às 20.30. Às 20.30 o salão será fechado por razões de segurança para a chegada da rainha e de sua comitiva.
  • O senhor deverá acercar-se à mesa com a letra indicada no seu convite.
  • Não é permitido fumar na recepção.
  • Espera-se que o senhor apague o seu telefone celular à chegada.
  • Não é permitido tirar fotografias durante a recepção.

Agora, o que contou meu marido: não foi um jantar, foi uma recepção com bebidas e uns 10 tipos de amuse bouche, que segundo ele eram deliciosos e foram servidos constantemente. Obviamente, não deu para a rainha conversar com todo mundo. Ela foi tentando passar em todas as mesas, mas como demorou em algumas não chegou a ter passado em todas no final da recepção.