Nosso roteiro de 4 dias em São Paulo com criança

Todos os anos nós passamos alguns dias em São Paulo antes de voltar para Aruba. Como eu morei lá quase 11 anos e tenho muitos amigos e família, sempre faço questão de passar uns dias. Mas o desejo de aproveitar ao máximo as férias com a meus pais sempre acabava apertando essa estadia para três dias e acabávamos com a língua de fora de tantos lugares para visitar e tanta gente para tentar rever. Resultado: meu marido criou uma birra com São Paulo, que para ele era sinônimo de correria e estresse. Daí esse ano, resolvi ficar 5 dias para desfazer essa impressão e ao mesmo tempo, procurar alguns passeios legais para a filhota aproveitar.

Chegamos num sábado à noite, então o nosso primeiro passeio foi no domingo. Eu tive a brilhante ideia de ir ao zoológico. Acontece que num domingo de férias escolares e com ótimo tempo, cara de primavera, milhares de pessoas tiveram a mesma ideia. Já foi super difícil chegar lá, porque ficamos presos no tráfico da Miguel Estéfano. Não dava para ir para a frente, nem para trás nem para os lados. Quando finalmente chegamos, vimos umas mil pessoas se aglomerando nas bilheterias. Estávamos num grupo de cinco adultos e duas crianças e resolvemos visitar o Jardim Botânico, que fica do lado e a gente nem sabia que existia.

Diana no castelinho do jardim botânico

Diana no castelinho do Jardim Botânico

A aprovação foi unânime, inclusive dos pequenos visitantes de 2 e de 5 anos. Como tínhamos ficado tanto tempo parados no trânsito, começamos a visita pelo restaurante. É um restaurante com comida por quilo honesta que agradou aos diversos paladares. Depois, resolvemos caminhar pelo Jardim Botânico seguindo uma trilha que as crianças descobriram. É uma trilha de terra, que sobe um morrinho do lado esquerdo do parque. Depois, vimos pelo mapa que acabamos percorrendo o parque inteiro e podemos assegurar que até uma criança de 2 anos pode fazer tranquilamente. No final da trilha tinha um castelinho, que era uma casa em miniatura. A filhota subiu e desceu mais de dez vezes, assim que foi uma atração aprovada. Outra atração à parte são os inúmeros macacos bugios que ficam macaqueando e pulando de galho em galho, para o deleite de grandes e pequenos

Depois da trilha, passeamos pelos jardins e desfrutamos o lugar. A entrada vale muito à pena: são R$ 5 por pessoa, sendo que crianças até 4 anos não pagam. E tem um estacionamento em frente que custa R$ 8.

O segundo passeio paulistano foi o Ibirapuera. Sabendo das dimensões do parque, resolvemos nos concentrar nos parquinhos. Fomos primeiro ao parquinho menor, que fica logo depois da Oca. E aproveitamos para ver por lá a exposição do Luís Gonzaga. Para orgulho do pai arquiteto, a Diana se divertiu muitíssimo e adorou as janelas redondas e o formato singular do prédio. Depois fomos ao parquinho “pequeno”. Bom, chamar este parquinho de pequeno só serve para um efeito de comparação com o outro. O parque ocupa uma área bem grande e tem brinquedos bem diversos, como uma tirolesa, um circuito de barras de braquiagem, um carro igual ao dos Flintstones, além dos tradicionais balanços e gangorras.

Circuito de barras de braquiagem para crianças pequenas

Circuito de barras de braquiagem para crianças pequenas

Depois da filhota se divertir o quanto queria no parquinho menor, resolvemos procurar o maior. Para chegar nesse, o melhor é ir perguntando mesmo porque não tem uma rota clara e definida. Só chegar lá é incrível: não dá para chamar de “parquinho” porque o que existe é uma área do tamanho de um campo de futebol de brinquedos. São muitos, são variados e estão espalhados numa área bem grande. Definitivamente é um lugar que vale a pena levar sanduíches para fazer piquenique e passar o dia. Como esse não foi o nosso caso, tivemos que ir embora antes da filhota conseguir o seu objetivo de experimentar todos os brinquedos, já que bateu a fome. Enfim, damos uma nota 10 ao Ibirapuera. Não só tem uma quantidade de brinquedos grande e variada para a garotada, com também nos brinda com algumas coisas inusitadas como estas:

Árvores surrealistas

Estas árvores me lembraram um desenho de Escher

 

Túnel de eucalipto

O eucalipto que virou brinquedo

O nosso terceiro passeio paulistano foi o Aquário. Eu confesso que nem sabia da existência dele, que foi um achado da minha irmã, mas como eu visitei dois oceanários quando morava na Espanha, fui achando que ia ser algo no estilo. A entrada é salgada, são R$ 40 para adultos e R$ 30 para crianças de 3 a 12 anos. Eu até entendo o preço porque imagino que a manutenção deva ser bem cara, mas eu tinha aquela expectativa de passar pelo menos umas 4h visitando e tive a surpresa de que em uma horinha, sem correr nem nada, já tínhamos visto tudo. O lado bom foi que a filhota adorou, claro. Então para as crianças a diversão é certa, afinal eles podem ver jacarés, cobras diversas, tubarões, peixes super exóticos e até o Nemo e a Dory. Ao final, também tem uma parte com esculturas de diferentes tipos de dinossauro, que tivemos que passar correndo porque a Diana ficou com medo e finaliza com uma sala cheia de morcegos. Não entendi a relação com o aquário, mas foi super interessante, eu nunca tinha visto morcegos tão grandes e tão de perto.

Sala dos pinguins

Os pinguins que não eram de Madagascar

Diana e o jacaré

Parece que vai sair de lá de dentro!

Ao final, a minha avaliação é: se for para crianças, é uma atração legal. Mas não conte com preencher o dia com esse passeio, porque é bem curto. E vale mais à pena para quem nunca conheceu um aquário grande, porque a minha expectativa era essa:

Faunia - Madrid

Aquário de Faunia – Madrid

O nosso último dia de passeio em São Paulo foi também o mais surpreendente. Fomos conhecer o museu de ciências Catavento. Para começar, adoramos o preço. A entrada para adultos custa R$ 6 e para crianças de 4 a 12 custa R$ 3. Apesar do site e dos próprios funcionários não recomendarem as três primeiras seções para crianças menores de 7 anos, nós resolvemos teimar e a filhota adorou. Claro que ela não entendeu as explicações das formações das galáxias nem da teoria da evolução, mas o museu é extremamente visual e interativo, então a diversão foi garantida. O que realmente resolvemos pular foi a seção Sociedade, porque nanografia e química para 5 anos realmente é demais. O mais interessante para crianças de todas as idades, sem dúvida, é a seção Engenho, onde estão os experimentos. Dá para ter os cabelos arrepiados pela eletricidade, dá para fazer uma bolha ao redor de si, cruzar uma ponte formada por partes soltas, ver uma máquina de raios e tantos outros experimentos que fica difícil enumerar. Enfim, foi tão divertido que quando saímos, a filhota disse que tinha adorado o “parquinho”. 😀

Diana fazendo uma bolha ao redor de si

Dentro da bolha

Ponte romana

Miscelânea sobre as férias no Brasil

Pois é, passamos cinco semanas no Brasil. Parece muito, mas passa voando. Foram quatro semanas em Campo Grande, três dias no Rio e três em São Paulo. Como passamos o ano todo longe da família brasileira, sempre dá uma peninha de viajar. Mas esse ano meu marido se rebelou, porque já era a sétima vez que íamos ao Brasil e ele ainda não conhecia o Rio. Como das outras vezes eu sempre ficava 4 semanas, dessa vez, o jeito foi ficar cinco, daí meus pais não sentiram que a gente foi embora rápido demais e ainda deu pra fazer um passeinho. Observações gerais:

  • Muito curioso ver os jogos olímpicos no Brasil depois de tanto tempo. Em 2004, eu morava em Delft e em 2008, eu morava em Madrid. O que dá pra notar é como cada país acaba puxando a sardinha para os esportes em que o país tem tradição. Acho que desde o ano 2000 que eu não via um jogo de vôlei, porque nos países onde eu assisti os jogos, não se transmitia. Eu me lembro que na Holanda só dava hóquei o dia inteiro. Tipo a transmissão do futebol no Brasil, quando a tv transmite até os jogos em que o Brasil não está jogando. Em Madrid, eu alucinei querendo ver a ginástica artística, que eu adoro, mas nem rolou. Só transmitiam a ginástica rítimica, modalidade em que a Espanha tem um time competitivo. E os espanhóis também adoram todas as modalidades de ciclismo e o nado sincronizado. Mas o melhor do Brasil foi contar com quatro canais, cada um passando uma atração. Chegamos em Aruba a tempo de ver o último dia de competições e foi uma lástima, só tínhamos dois canais para escolher  – nbc ou tv holandesa –  e às vezes nenhum dos dois estava transmitindo nada relacionado aos jogos.
  • Seguindo o tema olímpico, deu um medão ver como no Rio ainda falta preparar…quase tudo. E eu, que sou velha e tenho ótima memória, ainda lembro que quando faltava pouco tempo para os jogos de Los Angeles em 84 e rolava aquela história do boicote da União Soviética, os coreanos disseram que se tivesse algum problema, os jogos poderiam ser realizados em Seul, porque já estava tudo pronto. Uns com tanto esmero e outros com tão pouco…
  • E pensando na questão da Copa, que já está chegando. Como os turistas vão fazer com esses aeroportos e essas companhias aéreas eu não sei. Ano vai, ano vem e tanto a Gol quanto a TAM continuam não aceitando cartão de crédito emitido fora do Brasil para comprar passagens pelo site. Daí você que é turista acaba tendo que ir ao aeroporto e pagando uma taxa de emissão super cara por não poder usar o site. No caso da Gol existe um atenuante: dá pra usar o site, fazer toda a reserva até a hora de pagar. Daí, quando você tenta pagar com o cartão internacional, eles dizem que não aceitam, mas que seguram a reserva pelo preço do site por meia hora, desde que você corra para o aeroporto para pagar lá. Bom não é, mas é menos mal. O inglês do povo que trabalha com turismo continua abaixo do mínimo necessário. Meu marido ligou para o atendimento internacional da TAM, falando inglês e o atendente respondeu em português, perguntando se eles podiam continuar a conversa nesse idioma. Sim, ele entende e topou, mas e os turistas que não são casados com brasileiras? Fora o inglês das comissárias de bordo, que continua sendo absolutamente incompreensível para não brasileiros.
  • No geral, achei a comida no Brasil muito salgada. Já vi que onze anos fora definitivamente mudaram meu paladar. Não estranhei nadinha a notícia de que os brasileiros consomem cinco vezes mais sódio que o recomendado.
  • Não compramos quase nada, mas achei os preços do supermercado um horror. Fui comprar seis ítens e gastei quase cem reais. Então para quem pergunta como são os preços dos supermercados em Aruba: é barato, galera. Bem mais barato do que o que vocês estão acostumados a pagar por aí.
  • Tive vários reencontros com amigos do colégio e amigos da faculdade. É engraçado que agora uma das perguntas das notícias a serem atualizadas é: como estão seus pais? Daí um conta do avc, outro do glaucoma, dos médicos, dos remédios. Vinte anos atrás estávamos na faculdade e provavelmente éramos fonte de preocupação para eles. Dez anos atrás, tudo o que importava era o trabalho e a carreira. Sempre que nos encontrávamos era para falar quem estava trabalhando, onde estava trabalhando, quem tinha sido promovido ou não, quem estava procurando trabalho. E agora o foco já mudou de novo e somos nós os que nos preocupamos pelos nossos velhinhos, hehehe.