Sobre Bel

Brasileira morando fora do Brasil há 12 anos e em Aruba desde agosto de 2010. Casada com um arubiano e mãe de uma menina sapeca de 7 anos.

Eu quero ver a rainha

foto da família real holandesa

Foto oficial da família real

Aruba está em polvorosa pela visita da rainha Beatrix e do príncipe herdeiro Willem Alexander. Ela já veio várias vezes, assim como ele, mas a grande novidade é que a princesa Máxima também vai vir dessa vez.

Eles terão somente dois dias de visita, com atividades programadas para todo o dia de 6ª feira e todo o dia de sábado. O programa da 6ª f. à tarde vai ser uma grande festa popular que vai inaugurar a primeira fase do parque linear que meu marido está fazendo. Vários palcos vão ser montados na praça principal e haverão shows com música e danças populares. A festa vai começar às 15h e todo mundo está com os dedos cruzados para que não chova, coisa que na atual temporada está difícil de prever. Como Aruba é uma ilha de imigrantes, várias associações culturais dos países cuja imigração foi mais dominante na ilha, como Venezuela, República Dominicana, China e Tailândia vão estar se apresentando e vendendo comida típica de seus países. Claro que as tradições de dança e culinária arubianas também farão parte do evento.

Às 16:30h, meu digníssimo consorte vai acompanhar a rainha e os príncipes por um tour pela praça e mostrar a primeira parte do parque e no sábado de manhã ele vai acompanhá-la numa visita a um bairro que foi remodelado e que é a primeira parte do projeto de barrios. Na 6ª f. à noite, vai haver um jantar de gala e ele foi convidado (sozinho, sem direito a acompanhante). Isso deixou a nossa casa em polvorosa, não só pela quantidade de trabalho que ele está tendo para que tudo fique pronto a tempo, mas também tivemos que correr atrás de três ternos diferentes e novos para não fazer feio. Como eu não fui convidada para nada, vou aproveitar a festa popular para ver os shows, até porque num dos palcos vai estar uma das minhas sobrinhas que toca violino numa orquestra juvenil. E vou dar rolê por lá, quem sabe num momento meu marido me dá tchau e eu sou apresentada à rainha? Huahuahua.

Acho que nem deixariam, porque ele teve que passar por toda uma tarde de aula de protocolo só para saber como tratar a realeza. Existem umas regras de alinhamento entre o braço direito dos monarcas e seus interlocutores, quando se dobra os joelhos e até onde, entre outras coisinhas curiosas mais. Como todos os arubianos são poliglotas e estavam loucos para conversar com a princesa Máxima em espanhol, os especialistas em protocolo já avisaram que não funciona assim. A regra é que quem determina o idioma a ser usado é a própria princesa. Se ela conversar em holandês, o interlocutor continua a conversa nessa língua. Assim que eu duvido que ela vai iniciar uma conversa em espanhol do nada, até porque até onde eu sei nem o príncipe nem a rainha entendem essa língua.

Aguardem o próximo post com fotos da festa e, quem sabe, da realeza. 😉

Então é natal

Na 6ª feira começou a temporada oficial de natal em Aruba. Embora já estejam à venda decorações natalinas nos supermercados desde o final de agosto o início da temporada oficial significa que as rádios e emissoras locais de tv passam a tocar música natalina.

Muitos grupos, mas muitos mesmo, lançam os seus cds ou singles. O ritmo é a gaita, um ritmo tradicional venezuelano que fez raízes aqui e é o ritmo oficial de natal. Para que vocês vejam o que é a gaita, vejam o vídeo desse grupo bem tradicional de gaita arubiana:

O ritmo é super animado, o que combina com meu espírito, porque sempre adorei as festas de fim de ano, e como a tradição local tem tudo a ver com festividade, eu fico mais animada ainda. Nessa temporada, esses grupos de gaita são onipresentes: em confraternizações de trabalho, festas de bairro, na frente de lojas que fazem promoções e nos estacionamentos dos supermercados quando eles começam a vender pinheiros.

Uma das diferenças das festas de fim ano em Aruba é a ausência do papai noel. O roteiro dele não inclui Aruba, hehehe, quem vem é o Sinterklaas (o verdadeiro São Nicolau, precursor do papai noel da coca-cola, o Santa Claus), no dia 5 de dezembro, numa festa equivalente ao dia das crianças brasileiro. Ainda vou fazer um post só para ele porque é uma festa muito tradicional que vale a pena explicar em detalhes. Mas o natal mesmo tem um sentido acima de tudo, religioso, em Aruba. A grande maioria das músicas comemoram o nascimento de Jesus e convidam a celebrar a vida.

Só depois de passar alguns natais aqui é que pude entender o incômodo que meu marido sempre sentiu em passar o natal no Brasil. Claro que tinha o fato de estar longe da família dele, mas a questão é que ele sempre comentava que achava o natal brasileiro um pouco superficial. Na última vez que passamos o natal lá eu percebi que realmente as festas de fim ano lá são mais centradas nos presentes e no Papai Noel, enquanto aqui o foco é outro. Em geral, os arubianos são muito religiosos e em particular na família do meu marido. A festa de natal sempre começa com alguma leitura da Bíblia e antes de comer a ceia é feita uma oração. Quase todas as músicas cantadas tem teor religioso e (imagino eu) que a simples menção do papai noel seria considerada falta de respeito

Estudos superiores II

No mapa do post anterior, é possível ver onde estão as universidades da Holanda. Existem 13 universidades e 22 hogescholen (não sei qual a tradução, faculdade não me parece ser suficiente para essa palavra) no país de quase 17 milhões de habitantes.

O meu marido uma vez me explicou que o princípio que rege a organização dos estudos é que um país não pode funcionar se todos os habitantes aspiram a ser médicos, engenheiros ou advogados. O país precisa de gente de todas as profissões, sendo que as mais básicas devem ser em maior número do que as que exigem muitos anos de estudo e dedicação. Até o número de vagas nas escolas superiores e universidades é avaliado de acordo com as necessidades do país. Por exemplo: é feito um cálculo de quantos médicos vão ser necessários daqui a X anos e então é estabelecido o número de vagas de medicina nas universidades. É importante ressaltar que as universidades não oferecem todos os cursos. Por exemplo, só existem duas universidades politécnicas: Delft e Eindhoven. Isso significa que todos os que querem estudar engenharia, física ou arquitetura vão ter que escolher entre essas duas.

Para que esse sistema funcione é preciso que não existam grandes discrepâncias salariais, senão todos iam querer as poucas profissões que pagam bem. E essa é uma grande diferença do mercado de trabalho holandês e brasileiro. Todas as profissões pagam o suficiente para alguém viver com dignidade. Esse é o princípio que rege o mercado de trabalho em Aruba também. Aqui, alguém que fica na ilha, estuda para ser tecnólogo em hospitalidade (existe esse termo? é para trabalhar em restaurantes, hotéis e cassinos) vai ter um mercado de trabalho muito bom e bons salários. Eu não sei o valor ao certo, mas sei que nunca vai ser menos que dois ou três mil por mês. Pode não parecer muito no Brasil, mas nos posts anteriores eu expliquei porque saúde e educação nunca vão ser uma preocupação. Salários de menos de mil florins não existem assim como não existem os salários altíssimos que existem no Brasil, de 20 mil reais para funcionários públicos, ou de 35 mil reais para diretores de empresas. Isso é sério: não existem salários assim. Podem existir pessoas que ganhem isso, mas que trabalhem por conta própria, como autônomos ou são donos de seu próprio negócio. Mas nem aqui nem na Holanda, existem salários desse valor.

A diferença que existe nos anos de estudo e tipos de diploma que cada um consegue é até onde ele pode chegar em sua carreira. Normalmente, os cargos pedem requisitos diferentes e na descrição de cada um é exigido um tipo de diploma específico. Por exemplo, eu me lembro que uma conhecida brasileira teve seus estudos convalidados e seu título universitário brasileiro foi considerado HBO, ou seja, um nível de Hogeschool, o segundo mais alto. Quando ela conseguiu emprego num hotel, o seu chefe lhe mostrou o organograma da empresa e disse: você vai poder crescer aqui na empresa e um dia chegar a ser gerente. Você nunca vai poder ser diretora, porque o seu estudo não é de nível universitário. Provavelmente, ela nunca conseguiria ser diretora de todas as formas, afinal, numa empresa existem um monte de funcionários e só um diretor. Mas no caso do mercado de trabalho arubiano e holandês, o diploma determina até onde você pode chegar.

E existem muitas pessoas que optam por não seguir o caminho dos estudos superiores ou universitários simplesmente porque não tem vontade de estudar mais anos ou por pura vocação.

Graças a esse tipo de mercado de trabalho, as profissões mais básicas não tem um estigma de inferior ou são desvalorizadas socialmente. Um jovem pode perfeitamente decidir que quer ser bombeiro ou cozinheiro sem que isso seja considerado um problema. Tenho um exemplo na família: eu tenho uma sobrinha que sempre quis ser policial. Eu me lembro que quando ela tinha 7 anos já dizia que quando crescesse queria ser policial. Todo mundo achava engraçado e bonitinho, mas 9 anos se passaram e ela não mudou de idéia. Ela sempre foi uma aluna brilhante, uma das melhores da classe e atualmente está no penúltimo ano do ensino médio de tipo mais alto: VWO. Como ela tem potencial para ser mais do que policial de rua, ela vai seguir um tipo de estudo na Holanda que possibilite que ela vá até o topo da escala, que seria a superintendente de polícia de toda a ilha. Outro exemplo: um amigo de meu marido, estudou com ele o VWO e poderia ter ido à universidade. Mas seu sonho era ser taxista e quando ele terminou o ensino médio, resolveu conseguir a licença para dirigir táxi. Ele conseguiu bastante dinheiro com o táxi e resolveu abrir um negócio de aluguel de carros, junto com a esposa. Ele continua dirigindo táxi, que é o que gosta de fazer e sua família tem um ótimo nível de vida: passam as férias em Miami, como bom arubiano e sempre tem carros novos.

Eu acho que a grande vantagem desse tipo de sociedade é que os jovens não são obrigados a se enquadrar no esquema de fazer universidade “para ser alguém na vida”. Eu vejo que muitos jovens no Brasil, acabam perdidos porque não se identificam com o caminho universitário. Eu acho uma pena que esses jovens não possam ter seus horizontes tão amplos como os daqui, que podem decidir ser taxistas ou policiais sem que isso seja motivo de escândalo na sociedade.

Estudos superiores I

Reforçando o que eu contei no meu post anterior sobre educação, os jovens que terminam o ensino médio podem continuar sua formação de 3 maneiras: EPI, que é o ensino profissionalizante intermediário, a Hogeschool, que é um curso superior e a Universiteit, que é a universidade. Só os dois últimos são considerados ensino superior. Acho que eu falei besteira quando disse que não existe equivalência no Brasil, porque me lembrei que existem lugares como a Fatec, em São Paulo, que formam tecnólogos. A Fatec é precisamente o que a EPI significa aqui em Aruba. O que não tem equivalência no Brasil é a distinção entre curso superior e curso universitário.

Seja qual for o caminho que o estudante queira seguir: tecnólogo, curso superior ou universitário, ele recebe bolsas de estudo (se quiser). Na verdade, essas bolsas são 70% empréstimo e 30% bolsas de estudo. Eu não sei os percentuais certos, mas a maioria dos arubianos ficam aqui mesmo e fazem curso de tecnólogos. Esses cursos oferecem uma ótima saída para o mercado de trabalho local. Fiquei sabendo recentemente que apenas 5% das pessoas que estão no mercado de trabalho arubiano atualmente tem curso superior ou universitário, mas como esse foi o caminho que meu marido seguiu e também praticamente todos os amigos dele, é esse que eu conheço melhor.

Os estudantes que conseguem seus diplomas de HAVO ou VWO podem escolher fazer um curso superior ou universitário. Como na ilha as opções são limitadas nesse aspecto, a grande maioria vai para a Holanda, uma minoria vai para os EUA e alguns gatos pingados vão para outros lugares, normalmente na América do Sul ou Central. O governo holandês oferece esse pacote de bolsa + empréstimo para todos os cidadãos holandeses do reino que queiram continuar seus estudos após o ensino médio. As faculdades e universidades são públicas, no mesmo esquema que as escolas: não gratuitas, paga-se uma anuidade. Não sei se os preços mudadaram muito, mas em 2004, quando eu morava em Delft, o preço da anuidade oscilava em torno de uns 500 euros. A bolsa oferecida pelo governo holandês é suficiente para que o estudante seja independente de seus pais e viva sozinho. E é isso que todos fazem, eu nunca conheci um holandês que não tenha saído de casa ao terminar o ensino médio. Entre as vantagens que os estudantes da Holanda tem está uma carteirinha de desconto que permite que os estudantes usem de graça todos os tipos de transporte público disponíveis: trem, ônibus e bondes de 2ª f. a 6ª f. Os estudantes normalmente alugam quartos em casas ou apartamentos de estudantes. Se você já viu uma república no Brasil não tem a menor idéia do que eu estou falando. Primeiro, porque esses quartos também são oferecidos pelo governo, então o estudante paga o seu aluguel para o órgão da prefeitura responsável (no aluguel normalmente está incluído água, luz e gás) e segundo porque os quartos são enormes, variam entre 18 a 35m2. Alguns quartos tem uma pequena cozinha, outros tem banheiro e todos tem espaço para uma divisão para uma pequena sala de estar para receber os amigos. Não sei o valor atual da bolsa, mas anos atrás era de algo mais que mil euros por mês. Como os preços no Brasil atualmente estão tão absurdos, pode ser que alguém ache que é pouco, mas na Holanda é perfeitamente possível para uma pessoa se manter (e até economizar) com esse dinheiro, principalmente porque os quartos de estudantes são baratos, em 2004 não chegavam a 300 euros por mês. O governo de Aruba oferece uma bolsa extra de algo mais que 200 euros por mês, para que os estudantes possam vir pelo menos uma vez ao ano de férias. Essa ajuda é justificada, já que normalmente a época que os estudantes querem vir é alta temporada e nem sempre eles conseguem economizar (ou os pais podem ajudar) para comprar a passagem. Meu sogro mesmo estudou na Holanda numa época em que essa ajuda não existia e ele ficou seis anos sem vir para as férias.

Os estudantes arubianos contam com uma estrutura de apoio lá, com mentores e estudantes arubianos veteranos que lhes facilitam muito a vida. Quando eles chegam, eles passam por uma semana de integração, quando são ajudados a tratar de coisas práticas como: fazer a matrícula, pedir a conta em banco, fazer os trâmites da bolsa, etc. Os estudantes sempre vão para a Holanda sozinhos, a mãe ou o pai não acompanham. Isso faz parte da tradição e do ritual de tornar-se adultos. Durante toda a vida estudantil, o estudante pode recorrer ao mentor como apoio.

A parte da ajuda financeira que é um empréstimo começa a ser cobrada normalmente dois anos depois de que o estudante termina os seus estudos e esse início pode ser adiado caso ele esteja desempregado. O valor a ser pago ao mês é calculado de acordo com o salário do estudante e a cada ano, é preciso mandar a declaração do imposto de renda para que eles calculem quanto vai ser pago mensalmente. Meu marido, como todos os que seguiram esse caminho, tem uma dívida lá na Holanda e outra aqui em Aruba, mas os juros são baixos e a mensalidade não é um exagero.

Quando um estudante decide fazer seus estudos em outro país ele pode pedir o valor total da bolsa de uma vez e começa a pagar a dívida, da mesma maneira que os que foram para a Holanda, após terminar seus estudos. É assim que fazem os que vão estudar nos EUA, por exemplo, mas como o preço das universidades lá é absurdamente mais alto, normalmente eles contam com a ajuda dos pais ou são obrigados a pedir outro empréstimo para financiar seus estudos.

Qualquer filho de família arubiana tem como meta seguir esse caminho: independizar-se aos 18 anos e assumir uma dívida depois de formado. Isso faz parte do processo de tonar-se adulto e não costuma causar pena ou comoção em ninguém. Eu digo isso porque os únicos casos que eu conheço de estudantes que terminam o ensino médio e continuam dependendo dos pais são filhos de brasileiros, então acho que existe uma grande diferença de mentalidade aí. Alguns pais brasileiros que eu conheço (especialmente quando ambos são brasileiros) morrem de pena dos filhos terem que arcar com uma dívida e preferem eles mesmos se sacrificarem e bancar todos os custos dos filhos na Holanda (ou em Aruba para os que continuam os estudos aqui). Eu, particularmente, adoro o esquema holandês. Eu acho que viver sozinho e com o próprio dinheiro é um aprendizado de valor incalculável.

Saúde

Em Aruba a saúde pública é não universal e não gratuita. Como assim? Ela não é universal porque não atende a todos, somente os residentes legais aqui. Se alguém estiver vivendo ilegalmente ou se um turista estiver de férias e precisar de atendimento médico, eles vão ter que pagar pelo atendimento. Não é gratuita porque é descontado um valor do salário de todos os trabalhadores. O percentual é aproximadamente 11% do valor bruto que a pessoa recebe. Ou seja, além de pagar os impostos normais e previdência social, desconta-se um valor à parte que se destina à saúde. As pessoas que não trabalham não precisam pagar nada.
O sistema de saúde funciona através de um seguro saúde que se chama AZW, que é uma abreviação para seguro médico geral. Todos os cidadãos tem que ter a sua carteirinha de AZW e quando você se inscreve no sistema, você tem assignados um médico de família, um dentista e uma farmácia. Você pode escolher todos os três e no caso dos dois primeiros, existem cotas e pode ser que algum deles não aceite mais pacientes.
O médico de família é a sua porta de entrada para qualquer problema de saúde que você tiver. Eles atendem também as crianças (ao contrário da Espanha, onde a criança tem um pediatra assignado). A princípio, eles atendem qualquer problema de saúde e encaminham para um especialista quando eles julgam necessário. Eles fazem o exame preventivo de câncer nas mulheres.
Aqui, como na Espanha e na Holanda, a rapidez com que eles encaminham para um especialista depende dele mesmo. Eu não tenho queixas da nossa médica de família em relação a isso: todas as vezes que precisamos, ela encaminhou para um especialista imediatamente. Foi ela quem me encaminhou para uma fisioterapeuta para cuidar da dor nas costas que eu tenho desde que nasceu minha filha. A minha médica de família da Espanha disse que eu teria que fazer tudo particular porque o sistema público de lá prioriza reabilitação de acidentados, enquanto aqui eu tive 3 meses de tratamento fisioterápico cobertos pelo sistema.
Todos os remédios receitados por um médico são totalmente gratuitos: é só levar à farmácia assignada, entregar a receita e pegar os remédios. Se o remédio não estiver coberto pela AZW, o médico pode propor um parecido ou perguntar para o paciente se ele prefere pagar pelo remédio. São raros os remédios que não são cobertos. Na farmácia, estão à vista das pessoas aqueles remédios que não necessitam receita. A variedade destes é pequena, sendo basicamente paracetamol, alguns xaropes, sabonetes e xampus. Se não estiver à vista, o remédio só é vendido com receita médica, nem adianta discutir. Por isso, se você toma medicação regularmente, é melhor trazer já na bagagem, porque aqui não funciona o jeitinho brasileiro para remédios.
Eu não conheço nenhum médico que não esteja dentro do sistema de saúde. Que eu saiba todos os especialistas atendem consulta particular também, mas acho que eles não sobreviveriam se tivessem  que viver disso. Os motivos que levam uma pessoa a pedir uma consulta particular são basicamente: imigrantes ilegais que não tem direito a saúde pública e o motivo da consulta ser estético. Por exemplo, eu paguei para ir ao dermatologista para cuidar de umas manchas no meu rosto, porque a minha médica de família não pode me encaminhar para um especialista para isso. O preço de uma consulta particular aqui varia entre 35 a 40 reais. Imagino que o espanto de um brasileiro lendo isso deve ser o mesmo que eu tive quando soube que minha mãe paga 500 reais para consultar uma especialista em São Paulo.
Em Aruba só existe um hospital e não existem todas as especialidades médicas (lembrando que a ilha tem pouco mais de cem mil habitantes). No caso de não existirem especialistas, o sistema de saúde oferece (e paga) para que alguns especialistas venham periodicamente à ilha. Por exemplo, minha afilhada tem um sopro no coração e ela é atendida por um cardiopediatra de Curaçao que vem a cada seis semanas para cá. Aqui não se fazem transplantes e os pacientes que necessitam são enviados para a Holanda, utilizando um acordo que o hospital tem com as companhias aéreas. Meu cunhado, que é diretor do departamento de nefrologia do hospital, vive com um bip o tempo todo. Quando aparece um rim disponível na Holanda, ele busca lugar no primeiro avião disponível e arruma para que o paciente viaje. A passagem e a estadia do paciente e de seu acompanhante na Holanda são totalmente pagos pelo sistema de saúde. No caso de pacientes de cardiologia e neonatologia, o acordo é com um hospital da Colômbia. Os pacientes são enviados para lá para operações como ponte de safena e sempre com direito a acompanhante. O hospital não tem um setor de prematuros, então se uma mulher entra em trabalho de parto antes das 37 semanas, é levada com ambulância aérea para que o bebê nasça na Colômbia e fique lá enquanto o bebê cresce e fica mais forte.
Em relação ao dentista, o maior benefício é para menores de idade. Eles têm direito a uma limpeza anual dos 4 até os 18 anos. As restaurações deles também são cobertas (os pais pagam uma taxa de uns doze reais por restauração) Se a criança for levada regularmente (a limpeza tem que ser feita em menos de um ano) e a criança precisar de aparelho, o governo paga a metade. A partir dos 6 anos, é feita uma aplicação de flúor anual. Qualquer tipo de cirurgia é coberto. Para os adultos, praticamente só é coberta a extração, cirurgias e próteses (nesse caso, o governo paga a metade). Em geral, o custo de dentista aqui também é menor que no Brasil. Ano passado, eu fui a uma consulta e paguei uns 80 reais pela consulta e a limpeza.
Em resumo, eu acho o sistema de saúde muito bom. Claro que tem as deficiências que um sistema de saúde público sempre vai ter: as consultas com especialistas e cirurgias demoram, por exemplo, e no hospital, se você quiser um quarto individual, tem que pagar extra. Mas, de uma maneira geral, o gasto com saúde nunca vai ser um problema na vida de alguém que mora aqui. Praticamente todos os problemas de saúde estão incluídos no seguro do governo e se não houver tratamento aqui, eles pagam para que você e um acompanhante viajem para outro país para obter esse tratamento.

Vôo livre

O Ministro de Turismo de Aruba anunciou hoje que, depois de um ano de negociação, o departamento de turismo de Aruba e o aeroporto Reina Beatrix chegaram a um acordo com a Gol e com a Avianca para disponibilizarem vôos diretos de Guarulhos para Aruba.

A Gol, responsável por 60% dos turistas brasileiros que vem a Aruba, anunciou que o vôo direto será aos sábados. Ela vai manter o vôo das quintas-feiras, via Caracas. Espero que eles criem vergonha e abram uma loja aqui para poder vender passagens para os locais ou até mesmo atender os brasileiros que queiram remarcar uma passagem, por exemplo.

A Avianca anunciou que os vôos diretos começarão em junho de 2012 com um Airbus 319 configurado para 132 passageiros enquanto a Gol vai operar com um Boeing 737-800 com capacidade para 170 passageiros.

Ao parecer, tanto os comerciantes locais quanto as agências de turismo brasileiras estão bastante entusiasmados com o acordo. Em 2009, Aruba recebeu 10.594 brasileiros e em 2010 esse número dobrou, com a chegada de 20.237 passageiros. Os primeiros sete meses de 2011 mostraram um aumento de 19,7% em relação ao ano anterior.

Esse ministro já fez tanto pelo turismo de Aruba que eu fico imaginando que se tivéssemos alguém com metade da disposição no Brasil, muita coisa melhoraria no turismo brasileiro.

Educação II

A estrutura do ensino médio aqui em Aruba ou na Holanda é tão diferente do modelo brasileiro que vou tentar explicar de forma geral. Ao terminar o ciclo básico, as crianças não recebem nenhum diploma e para qualquer tipo de emprego que uma pessoa vá tentar mais tarde, o mínimo exigido é um diploma de ensino médio. O tipo de ensino médio que uma criança vai cursar depende das avaliações recebidas em toda a sua vida escolar e também de um teste, feito ao mesmo tempo que os estudantes holandeses (os arubianos têm que madrugar para fazer esse teste).

Com base nessa avaliação global (vida escolar e resultado do teste), as crianças são divididas em três tipos de ensino secundário de caráter genérico: de duração de quatro anos – Middelbaar Algemeen Voortgezet Onderwijs – (MAVO); de duração de cinco anos – Hoger Algemeen Voortgezet Onderwijs – (HAVO) e de duração de seis anos  – Voorbereidend Wetenschappelijk Onderwijs – (VWO). Eu já escutei de muitos brasileiros críticas a essa divisão, porque supostamente, já com 12 anos, algumas crianças recebem a classificação de burras para o resto da vida, mas isso não é verdade. Eu, particularmente, acho essa divisão bastante justa, já que as pessoas tem aptidões diferentes e fazer com que todas estudem as mesmas coisas com a mesma profundidade é prejudicial para todos. Além disso, se um jovem terminar o MAVO com boas notas, ele pode estudar mais dois anos e ter o seu diploma de HAVO. Da mesma maneira, se um jovem terminar o HAVO com boas notas, ele pode estudar mais dois anos e ter o seu diploma de VWO. Assim que é um possível que uma criança que aos 12 anos tenha sido classificada para um MAVO ter o seu diploma de VWO, só vai durar mais tempo.

Outra diferença interessante é que no último ano, o aluno já pode escolher as matérias que lhe interessam, já pensando no tipo de carreira que pretende seguir. Uma coisa que eu não gosto no ensino aqui é que história e geografia não são oferecidos para os alunos de ensino básico e no ensino médio elas são optativas. Eles aprendem um pouco de história da Holanda numa matéria que inclui artes e conhecimentos gerais. Eu, que cheguei a cursar história como a minha segunda faculdade, acho importantíssimo e eu noto que as pessoas, tanto aqui quanto na Holanda, pecam muito em conhecimentos gerais. Eu já escutei tanta pergunta boba tanto de arubianos quanto de holandeses que podia escrever um livro. Tipo: o Brasil tem mais de cem mil habitantes? em que parte da América do Sul fica o Brasil – sul, norte, leste, oeste?  Meu marido mesmo, quando me conheceu, praticamente só sabia que havia existido uma 2ª guerra mundial e que os nazistas tinham existido graças aos filmes americanos. De lá pra cá, ele já aprendeu muita coisa e leu muita coisa que eu indiquei também.

Um estudante que tenha o diploma de ensino médio no Brasil consegue o nível de HAVO se pedir uma convalidação para estudar aqui.

Existe também um outro tipo de ensino médio que é o Ensino Profissional Básico (E.P.B.), com duração de quatro anos, sendo que a partir de alguns anos, eles começam a estudar menos dias e trabalhar outros dias, como aprendizes. O estudante que acaba o ensino profissional básico pode ou não continuar seus estudos, porque o diploma que ele consegue já lhe permite trabalhar.

A função do ensino médio de caráter genérico é preparar o estudante para a etapa seguinte, que também é dividida em três níveis: o Ensino Profissional Intermediário (E.P.I.) e os estudos superiores, que podem ser do tipo HBO ou universitário. A grosso modo, funciona assim: um diploma de MAVO e de EPB permite cursar o EPI; o diploma de HAVO permite cursar o HBO e o diploma de VWO permite cursar a universidade.

Em Aruba, existe uma instituição de ensino que oferece cursos de Ensino Profissional Intermediário e entre os cursos oferecidos estão: técnico de instalações elétricas, trabalhador de construções (não é pedreiro, é uma espécie um nível bem básico de arquitetura), assistente de laboratório, pedagogia social, cozinheiro e artes culinárias, administração de turismo e restaurantes, secretariado executivo, secretariado para turismo, assistente administrativo de turismo, entre outros. Bom, como se pode ver, todos os cursos oferecidos tem bastante saída no mercado de trabalho e eles são os que formam o grosso dos trabalhadores aqui.

A divisão dos estudos superiores é a parte mais difícil de explicar para um brasileiro, porque no Brasil, que eu saiba, não existe um regulamento claro sobre o que é um curso universitário e um curso superior (como nos EUA, onde existe diferença entre university e college). O sistema holandês designa como curso universitário os cursos mais gerais, como medicina, direito, economia, engenharia, arquitetura, administração de empresas, química, física, engenharia de computação, etc. Cursos considerados menos gerais e mais técnicos são classificados como HBO, por exemplo: nutrição, enfermagem, comércio exterior, farmácia bioquímica, análise de sistemas e a grande maioria dos cursos da área de tecnologia da informação, letras, fisioterapia e tantos outros que fica difícil listar. As instituições que oferecem cursos universitários são chamados universiteit e as que oferecem cursos superiores são chamados hogeschool.

Eu gosto muito da maneira como estão estruturados os estudos e acho que eles se adequam perfeitamente ao mercado de trabalho holandês e arubiano. Eu vou fazer outro post explicando como funciona o mercado de trabalho aqui e lá e porque aqui os jovens podem escolher o que querem e não o que eles pensam que vai fazê-los ganhar dinheiro.

Educação

A estrutura da educação aqui em Aruba segue o modelo holandês. A educação é praticamente gratuita, só é necessário pagar uma anuidade, que vai subindo de acordo com a escolaridade. Essa anuidade é bem pouquinha, para se ter uma idéia: para o que seria equivalente ao ensino médio do Brasil paga-se uns 250 reais e para a minha filha que está na pré-escola, paga-se uns 120 reais. Lembre-se: por ano.

Isso só é possível devido ao altíssimo investimento do governo em educação. Os arubianos tem orgulho de dizer que o percentual do orçamento do governo que vai para a educação é um dos mais altos de toda a América Latina.

Uma grande diferença em relação ao ensino holandês é que aqui a educação não é obrigatória. Embora eu mesma não conheça nenhuma criança que não esteja sendo escolarizada, eu sei que elas existem. Às vezes, eu faço compras na parte da manhã e sempre me estranha ver alguma criança acompanhando a mãe nesse horário. As escolas sempre são na parte da manhã, assim como na Espanha e na Holanda. Eu não conheço nenhum país, além do Brasil, que tenha escolas funcionando à tarde. Existe um projeto para tornar a educação obrigatória, a partir dos 5 anos, como na Holanda. Ao parecer, a partir do próximo ano.

O governo subsidia quase todas as escolas particulares, o que faz com que o ensino privado custe o mesmo que o público. Uma das razões é que não existem escolas públicas em número suficiente para atender a demanda, então acaba sendo mais prático subsidiar o ensimo privado que construir novas escolas. O subsídio não vai para a escola, mas sim para uma fundação que coordena as escolas. Existe a fundação que cuida das escolas católicas (que são em maior número que todas as outras escolas juntas), a fundação de escolas protestantes/cristãs, a fundação de escolas adventistas e a fundação de escolas evangélicas. Eu só sei de duas escolas que não recebem subsídio e que são privadas mesmo, do tipo que conhecemos no Brasil: uma é a International School of Aruba, que não recebe subsídio porque o modelo de educação é o americano; a outra é a De Schakel, não sei porque ela não recebe subsídio.

Não existem creches públicas. A educação pública e o ensino oficial começam com o kleuterschool, que é a pré-escola para crianças de 4 e 5 anos. As aulas começam em agosto e no 1º ano do kleuter entram as crianças que fizeram 4 anos em outubro do ano anterior até as que fazem 4 anos em setembro do ano corrente. Como a minha filha é de 20 de setembro, ela está fadada a ser para sempre a caçulinha da turma. O objetivo do kleuter é o desenvolvimento físico/corporal, dos sentidos, da música, a autonomia, dos idiomas e o desenvolvimento psicosocial. Não se alfabetiza, o que foi um dos motivos determinantes para que nós quiséssemos vir para Aruba. Na Espanha, a alfabetização começa aos 3 anos e muitas colégios já tem uma grade curricular de fazer inveja a um estudante de medicina. Conheci um menino de 3 anos que ficou de recuperação de inglês. Eu tinha horror a que acabassem com a primeira infância da minha filha e como ela ainda não está procurando emprego, preferimos buscar outro modelo de educação. A Espanha está no último lugar em desempenho acadêmico de toda a Europa e a explicação mais plausível é que quando as crianças chegam aos 10 anos, já sofrem os efeitos da fatiga.

O equivalente ao ensino fundamental do Brasil é a basis school, que começa aos 6 anos e termina aos 12. Existem quatro tipos de basis school: as normais, as para surdos-mudos, as para crianças com dificuldade de aprendizado e as para crianças com extrema dificuldade de aprendizado, que incluem os diversos casos de deficiência mental. Existe também uma escola especial para filhos de estrangeiros que não falem papiamento ou holandês. Eles passam um ano estudando nessa escola para que possam, ao final, incorporar-se a uma escola normal. Uma das coisas que eu gosto é que no 3º ano da basis, as aulas de educação física são aulas de natação. Isso significa que todos sabem nadar, o que faz com que eu, uma adulta que não nada, seja um bicho raro para eles.

Ao final da basis, com base em toda a história escolar da criança, elas são divididas em três tipos diferentes de ensino secundário: MAVO, HAVO e VWO e é nesse ponto que o ensino é totalmente diferente do modelo brasileiro. Como esse tema é mais complexo, vou deixar para detalhá-lo em outro post.

Miss Simpatia

Muita gente que mora no Brasil pode não saber, mas dia 12 de setembro próximo, vai se realizar o concurso de Miss Universo, em São Paulo. A audiência aqui em Aruba vai estar próxima a 100%, como em todos os anos. Acho que muito se deve à proximidade com a Venezuela e o fato de que, por muitos anos, os canais venezuelanos eram uns dos poucos disponíveis na ilha, mas aqui, concurso de miss é coisa séria. O próprio ministro de turimo irá ao Brasil para apoiar a Miss Aruba e segundo se comenta, tentar trazer o concurso de 2013 para a ilha. Esse é o ápice de um conjunto de acontecimentos que começa exatamente um ano antes.

O concurso de miss Aruba não é um evento, mas uma temporada. A próxima temporada vai durar três meses e começará no dia 14 de setembro. Durante a temporada, as candidatas, cuja idade varia entre 17 e 23 anos, vão participar de workshops de passarela, etiqueta, moda, falar em público, maquiagem, estética e também de cuidados com o meio ambiente e responsabilidade social. Esses meses são importantes para que as candidatas se façam conhecidas e consigam patrocínio de negociantes locais para a final.

A final do concurso desperta grandes paixões e as candidatas normalmente tem patrocinadores, torcida organizada e uniformizada. Nas semanas anteriores ao concurso, é comum ver carros e estabelecimentos comerciais com adesivos e pôsteres das candidatas. O afã de vencer é tão grande, que a mãe de uma conhecida nossa vendeu a própria casa para bancar a candidatura da filha. A sua filha ganhou, então imagino que para a mãe, deve ter valido a pena.

A feliz ganhadora passa a ser uma celebridade local, e normalmente faz propagandas, participa de eventos dos patrocinadores, dá entrevistas, etc. À medida que se aproxima a data do concurso de Miss Universo, a ansiedade por notícias aumenta e desde que as candidatas chegaram ao Brasil, grande parte das notícias dos jornais locais são focadas nos passeios das candidatas. Foram noticiados absolutamente todos os passos das misses no Brasil: visita à Oscar Freire, ao Guarujá, ao Jockey Club, ao Museu do Futebol, a instituições de caridade, aulas de samba, etc.

E também qualquer crítica positiva à Miss Aruba foi divulgada com grande entusiasmo. O vestido de noite dela (que eu pensava que era uma surpresa do dia do concurso) foi bem avaliado pelo designer Nick Verreos (ex-project runway) do E Entertainment, que disse que era “safe and perfect”.  E o site mais conhecido especializado em misses, missosology.org, que elegeu as melhores vestidas (fashionists), deu o segundo lugar para a candidata local, depois da Miss França e antes da Miss Portugal.

Apesar de todo esse esforço, até hoje, nenhuma Miss Aruba ganhou o concurso, sendo que o melhor resultado foi um 2º lugar em 1996 e o título de Miss Simpatia em 2000. O curioso é que toda a empolgação vai se repetir em fevereiro, quando houver a eleição de Rainha do Carnaval, mas essa história fica para outra vez…

Seu nome

Dar nome aos filhos aqui em Aruba é quase uma arte. Muitos pais usam de toda a sua criatividade para fazê-lo e muitos deles chegam a requintes de perfeição buscando um nome único, exclusivo para o seu filho. Se vocês acham que já viram nomes diferentes no Brasil, esqueçam. A criatividade arubiana elevou essa arte a um patamar superior. Para você que está esperando um filho e também partilha da opinião de ele deve ter um nome diferente, que ninguém mais da classe tenha, eu preparei uma seleção especial. De todos os modos, a única criança que vai ter um nome igual não mora no Brasil, então o nome continua sendo especial.

Nomes masculinos: Akeem, Akon, Arkeen, Chanmarc, Danavado, Darnell, Daylan, Dayshaun, Dinand, Dylano, Dyron, Giandro, Gillione, Ionel, Ishan, Iverson, Jaimyson, Jaysley, Jodeyson, Jorick, Jorrick, Jowy, Jury, Keyon, Kyon, Owsin, Randrick, Rensly, Reshid, Ronwayne, Ryxel, Ryxon, Shariq, Shayron e Yerick.

Nomes femininos: Aishwarya, Anaidjah, Brishna, Chanella, Charella, Clairubis, Claryleen, Cristella, Darlaine, Daryann, Diondra, Donnica, Eishlyn, Eligianne, Enelyn, Esmarie, Ibia, Ilvienne, Isabis, Ivienne, Iyviengelly, Jairylaine, Janela (que aqui não tem significado), Jeanella, Jelitza, Jenneviene, Joally, Jo-Angely, Joenne, Jolaine, Jouraine, Judella, Juwisa, Kaydee, Khareenza, Kichana, Licielle, Li-Francis, Lirienne, Lisjienne, Lixienne, Loesje, Lucha, Lufhyanne, Marwina, Milaishka, Oszienne, Rachelle, Rinayshka, Sanica, Sealene, Shaimary, Shaindra, Shanaila, Sharella, Sharily, Sharra, Sheraldah, Shuliska, Shurline, Suhailly, Suhinne, Sujinne, Sulinne, Swinda, Thourayya, Waika, Xade, Xanthe, Xiante, Yamell, Ysatis, Yshentally, Zhaisky, Zianne e Zoraima.