A questão da gorjeta

A cultura da gorjeta em Aruba é muito parecida com a cultura americana, até porque eles são quase 80% do público dos hotéis. Eu acho que por isso às vezes, alguns brasileiros quando vêm a Aruba têm a impressão que os americanos são mais paparicados nos hotéis ou restaurantes. Vejam bem, os americanos são gorjeteiros por natureza. Eles costumam andar com dólares soltos no bolso e vão distribuindo a todos que os atendem. E isso faz com que eles sejam melhor atendidos, claro.

A primeira vez que eu notei como isso funciona foi quando viajei com meus sogros pela primeira vez, treze anos atrás. Nós fomos para a Andaluzia e para Portugal de férias e eu ficava impressionada como meu sogro não parava de dar dinheiro para todo mundo. Ele é arubiano, não americano, mas a cultura é a mesma. O garçom trazia a bebida? Um eurinho na mão. Era o que bastava para que ele passasse a noite inteira nos paparicando e ao final da refeição, sempre havia mais uns 15% de gorjeta. Se voltássemos no restaurante no dia seguinte, só faltavam por um tapete vermelho no chão. 😉 No hotel onde ficávamos, ele sempre deixava uns 2 euros por dia para a camareira, nossos quartos ficavam um brinco e acabávamos ganhando uns brindes: creminhos extras apareciam no banheiro. Também não faltava gorjeta para os carregadores de mala e os guias de passeios.

Aqui a coisa funciona mais ou menos assim. Existem certas categorias em que a gorjeta é esperada. E se você não der gorjeta, não se admire ao ver como os hóspedes americanos são tratados a pão-de-ló.

Quanto se dá?

Restaurantes

O costume é dar entre 15% a 20% de gorjeta. Algumas vezes o valor está incluído na conta, outras, eles te dão a conta com um espaço embaixo para escrever quanto pretende dar de gorjeta e assim eles calculam quanto fica a conta em total. Preste bem atenção, porque muitas vezes, mesmo com a taxa de serviço já incluída na conta, eles ainda deixam um espaço para você dar mais gorjeta ainda! Em bares, você pode dar $1 extra quando pedir um drink no balcão. Pode ter certeza que a sua bebida vai ser servida generosamente quando for pedir outra.

No hotel

Os carregadores de mala esperam receber uns $2 por mala.

As camareiras costumam receber uns $2 a $3 por dia. Mas você precisa por um bilhetinho de agradecimento, tipo thank you, senão elas não vão tocar a gorjeta. Tem gente que costuma dar a gorjeta para as camareiras somente no último dia, mas se você der diariamente, vai ser mais paparicado.

Se o porteiro chamar um táxi para você, lembre-se de dar-lhe $1.

Se o concierge simplemente dá informações, não é motivo para gorjeta. Mas se ele fizer algo além do esperado para seu trabalho, como conseguir reserva em um restaurante ou algum outro pedido especial, ele pode receber uns $5 ao final da estadia.

No táxi

Essa é uma parte meio nebulosa por aqui. Como o preço dos táxis é tabelado, alguns taxistas não aceitam gorjeta. Mas alguns sim, esperam receber uma graninha extra, não tem um percentual fixo nisso.

Passeios

Nesses casos costuma-se dar uns $5 para o guia e uns $2 para o motorista.

All inclusive

Ao contrário do que muita gente pensa, a gorjeta não está incluída no all inclusive. E é por isso que essa categoria de hotel tem dificuldade em arrumar mão-de-obra. Porque eles pagam aquele salário bem baixo que os hotéis pagam e ainda por cima, os funcionários recebem pouca ou nada de gorjeta. Assim que se você se hospedar em um, lembre-se de dar um agrado para aqueles que fizerem bem o seu trabalho.

Qualquer que seja o caso, lembre-se que dar gorjeta sempre vai tornar sua estadia mais prazeirosa. Os funcionários do hotel falam entre si e comentam se um hóspede é mão-de-vaca ou generoso. E a imagem que eles tem de você vai ser determinante no tipo de atenção que você vai receber. Independente da nacionalidade.

10 ideias sobre “A questão da gorjeta

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  3. Eh uma questão cultural mesmo! Mas aqui na França não é costume dar gorjeta, e geralmente os franceses são “mal-tratados” em outros países da Europa (em comparação com os americanos, por exemplo), por essa fama de pão-duro. mas tentando entender esse aspecto, compreendo que aqui na Europa as diferenças salariais não são tão gigantescas quanto no Brasil ou nos EUA, e francês que é francês não aceita que o outro vai ganhar um salário absurdamente mais alto, aindapor cima sem pagar imposto! Pois imagina se deixar um euro por cada bebida servida, o garçon que serve 100 bebidas por noite, se trabalhar 20 dias por mês ganha 2 mil por mês além do seu salário, e ainda por cima sem declarar ao fisco… sabendo que o salário médio da população fica abaixo disso, a população não aceita essas disparidades… Eu particularmente não concordo com essa idéia de que tudo “merece” gorjeta, acaba ninguém mais dando informação ou fazendo o básico do seu trabalho se não tiver um extra por fora… Mas é claro que em qualquer lugar a gente tenta se adaptar e dançar conforme a música!!!

    • Pois é Milena, aqui os salários do pessoal que trabalha nos hotéis é bem baixo, então eles vivem da gorjeta mesmo.

      Mas é bom deixar claro que todo mundo é super amável, faz parte da natureza deles. Só que quando eles encontram um cliente gorjeteiro, ficam rodeando aquela mesa como moscas, então quem fica de fora fica com aquela impressão de que “a mesa com americanos era mais paparicada”.

  4. Bel, eu fiquei no Divi all inclusive e todo dia dava 1-2 dolares para o pessoal dos quiosques e me tratavam como rei, o barman ficava me “vigiando” na praia e quando me via em direção ao bar já começa a preparar o drink.
    Uma dica interessante pro pessoal é trocar uns dolares naquelas maquinas que trocam dinheiro nos cassinos. É uma mão na roda, lembro-me que troquei uns 30 doláres no Alhambra Cassino e foi muito útil para as gorjetas.
    Estou voltando pra esse paraíso agora em Julho e novamente no Divi e vou levar umas cachaças (sou de Minas…) pros barmans conforme prometi a eles e serei tratado como Rei de novo.

    • Gostei da dica de trocar dólares nas máquinas dos cassinos! Muito esperta essa estratégia de dar gorjeta para o pessoal que prepara os drinks, hehehe.

      Que legal que vc ficou no Divi, a praia em frente é ma-ra-vi-lho-sa! E olha que Aruba tem muitas praias bonitas, mas esse trecho em frente ao Divi All Inclusive é de cair o queixo. 😉

  5. Oi, Bel, este post é muito importante. No Brasil, as gorjetas giram em torno de 10%; então, qdo estive aí, estranhei pagar 15% ou mais. É um valor alto para nós, principalmente considerando-se o câmbio atual, bastante desfavorável para os brasileiros.

    É super compreensível alguém tratar melhor o cliente quando recebe gorjetas dele. Mas, ainda que muitas vezes tivéssemos deixado de dá-las, fomos muito bem tratados em todos os lugares, até mesmo paparicados: hotel, restaurantes, lojas.

    Houve ocasião em que fomos tão bem tratados que demos uma gorjeta mais alta por puro reconhecimento.

    Fica o depoimento!

    Grande abraço!

  6. Bel, os brasileiros não têm costume de dar gorjeta. É questão cultiral nossa e até um pão-durismo mesmo. Por isso a preferência é atender os americanos. Eu faria o mesmo! E muitas vezes este é o principal rendimento do funcionários que está te atendendo. Como em Cancún e em Punta Cana onde os salários são baixos.

    Não dei gorjeta em Aruba quando já vinha os 15% na conta.

    E também não faço como os americanos que a cada drink dão um dólar.

    Mas faço questão de “gorjetear” o carregador de malas, camareira, um ou outro garçon que me atenda mais vezes durante a estadia e quem supera as espectativas e te atenda bem e com bom humor.

    Não era muito de dar gorjetas.

    Isto mudou quando ouvi de um argentino que a gorjeta enobrece e não empobrece…

    Kendrik

    • Eu sei Kendrik, eu mesma nunca fui de dar gorjetas. Mudei quando conheci meu marido. E também pelo fato de ter trabalhado de garçonete na Holanda. Eu adorava quando chegavam clientes americanos!

      Hoje em dia nós damos sempre gorjeta quando viajamos. Meu marido cresceu vendo o pai fazer e ele acha que assim é o certo.

      Eu já recebi alguns comentários de leitores que voltaram para o Brasil com uma má impressão dos serviços de Aruba. Sempre o comentário era o mesmo: tanto nos hotéis quanto nos restaurantes, os funcionários davam preferência para os americanos. E eu não conseguia entender esse tipo de comentário. Os arubianos normalmente adoram o Brasil e brasileiros.

      Até que ontem eu tive uma revelação. Estava lendo os comentários do tripadvisor sobre um hotel quando eu me deparei com um relato de um argentino. Ele dizia: “o serviço era bom. Claro que eu não era tão mimado quanto os americanos, mas também não ficava dando gorjeta por tudo, como eles fazem.”

      Foi então que eu entendi de onde vem essa percepção e resolvi escrever o post. 😉

      Ah, sim. Aqui também os salários do pessoal dos hotéis é baixo. A maior fonte de rendimento são as gorjetas mesmo.

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