Tradição da Páscoa arubiana: acampar

algumas barracas montadas na praia

Uma tradição arubiana que não tem paralelo em outras partes é o costume de acampar na praia na Semana Santa. Como eu comentei antes, a semana que as crianças tem férias escolares é a semana seguinte à semana em que cai a 6ª feira santa. As famílias costumam armar seu acampamento na 6ª f. ou no sábado e ficar a semana inteira.

Os lugares em que o acampamento é permitido são delimitados pelo governo e é preciso pedir uma autorização antes de ir. Algumas famílias levam apenas barracas, mas outras vão com trailer e inclusive alguns tem ar-condicionado. Apesar do lado paterno da família do meu marido ter o costume de acampar, meus sogros nunca foram e a não ser que a filhota peça expressamente daqui a alguns anos, nós não pretendemos seguir essa tradição. Eu não me importo de dormir em lugares simples (aliás já viajei a Europa de mochilão e me hospedei em muitos albergues), mas uma caminha e um banheiro para mim são itens essenciais.

Mas enfim, quem gosta curte mesmo e normalmente espera essa época do ano com ansiedade. Aqui tem algumas fotinhos para ver como o povo aproveita o acampamento.

pessoa tirando soneca na espreguiçadeira
Soneca à beira-mar
grupo jogando baralho
Grupo grande jogando e passando o tempo
cerca de proteção para barracas
Esses até armaram uma cerca para ficarem mais protegidos

 

Semana Santa e Páscoa em Aruba

A Semana Santa é uma das festividades mais importantes para os arubianos. Assim como na Holanda, os principais feriados em Aruba são festejados com um dia extra de férias: são feriados dia 1 e dia 2 de janeiro, a 2ª feira após o domingo de Páscoa é considerado o 2º dia de páscoa e o dia 26 de dezembro é o 2º dia de Natal. Nas escolas, a semana de férias sempre é a semana posterior à Semana Santa. Não sei exatamente o motivo, mas como muita gente aproveita e viaja de férias, acho que eles acham melhor viajar fora da quaresma.

A 6ª feira da Paixão é bem diferente da tradição brasileira e esse foi o primeiro choque cultural que eu tive quando conheci meu marido. Alguns dias antes da primeira Semana Santa que passamos juntos nove anos atrás, ele me disse que iria jejuar na 6ª feira. Eu disse: como assim? A 6ª feira Santa no Brasil é um dos dias em que mais se come! As pessoas se esmeram em cozinhar gostosuras com peixes e frutos do mar e algumas semanas antes todo mundo vai montando seu cardápio para essa ocasião especial. Ele: (expressão de horror) como alguém pode comer muito na 6ª feira Santa? Em Aruba esse é um dia de penitência e orações e muita gente jejua, normalmente das 9h da manhã às 21h, por ser 6 horas antes da crucificação e 6 horas depois.

Então, ao contrário do Brasil, aqui na 6ª feira, as famílias não se reúnem nem tem comilança. O comportamento normal e esperado é que você vá à missa, faça o caminho da cruz e vá para casa comer pouco ou nada. Nesse dia, não é bem visto sair, passear, brincar, divertir-se, enfim, fazer qualquer coisa ligada ao lazer. Eu não jejuo, mas como a comilança não faz parte da tradição, no ano passado eu avacalhei e fiz macarrão com atum. Bom, esse ano eu vou tentar encontrar alguma receita interessante de bacalhau e fazer. Se der certo, tudo bem. Se não der, eu abro a lata de atum e comemos o macarrão infalível. 😉

O domingo de Páscoa também é bem diferente e basta ir aos supermercados nas semanas que antecedem para notar. Não existem orgias de chocolate nem corredores que parecem da fábrica do Willy Wonka. O que existem normalmente são ovinhos pequenos, disponíveis em diversos sabores: puro, ao leite, branco, recheio de caramelo, com licor, etc. Esses ovinhos costumam ser escondidos no domingo e as crianças da família vão com o seu cestinho procurar. Muitas escolas e empresas também costumam fazer sua própria caça aos ovinhos (amanhã a escola da filhota vai a um parquinho fazer a festa deles) e no domingo tem uma operadora de celular que faz uma super caça aos ovos pela ilha inteira. Eles dão pistas pela rádio e pela tv e os felizardos que encontrarem os ovos premiados podem ganhar passagens para Miami, computadores e smartphones.

seção de ovos de pascoa

Seção de ovos de Páscoa do maior supermercado de Aruba. Sim, isso é tudo.

Ovinhos para diferentes tipo de paladar

Ovinhos para diferentes tipo de paladar

Nas poucas vezes em que existem ovões, eles são de plástico recheados com ovinhos

Nas poucas vezes em que existem ovões, eles são de plástico recheados com ovinhos

Para quem quiser saber se eu sinto falta dos ovos de Páscoa do Brasil: eu posso parecer um ET para muita gente, mas não sou chegada a chocolate (nem a sorvete de qualquer tipo). Não me lembro de ter comprado nenhum na minha vida, nunca sonhei com um ovo gigantesco e não estou nem aí para os diferentes tipos de recheio.

mimos de chocolate

Não é costume dar presente, mas quem faz costuma dar um mimo, algo pequeno

tamanho normal de um ovinho

Tamanho normal de um ovinho

 

Se antes de ser mãe eu era indiferente a chocolate, depois de ser, eu tenho bastante receio ao consumo desse tipo de “alimento”. Sempre procurei dar coisas saudáveis à filhota, que aliás só experimentou chocolate com quase 3 anos. Claro que ela gosta (puxou o pai), mas o consumo está limitado ao sábado e domingo e só um por dia. Nunca comprei, os avós se encarregam dessa parte. Então, como mãe, aqueles corredores imensos que convidam ao consumo excessivo me parecem um horror. Também não gosto da idéia de uma criança ganhar ovos dos pais, dos tios, dos avós, padrinhos, etc. Já que comer chocolate no domingo de Páscoa é inevitável, eu prefiro que sejam só alguns ovinhos pequenos. Apesar de ser uma cética dos chocolates, esse ano nós vamos fazer nossa própria caça aos ovinhos aproveitando que meu marido vai fazer aniversário na 2ª feira de Páscoa. Já comprei os ovinhos de chocolate e os ovinhos de plástico dentro dos quais os ovinhos ficam escondidos ;-).

Papiamento

Papiamento é a língua de Aruba. Sim, existem outras e todo mundo é poliglota, mas esse é o idioma em que a ilha funciona, o idioma em que as pessoas conversam em suas casas, no dia a dia, está nos jornais e tv locais. O papiamento é falado nas ilhas ABC e provavelmente nasceu em Curaçao ou Bonaire, já que estas ilhas tiveram uma colonização mais antiga que Aruba.

Existem muitas teorias sobre as origens do papiamento e a mais aceita é que deriva do crioulo de Cabo Verde e Guiné Bissau e que chegou com os escravos e com os judeus portugueses, mas a verdade é que ao longo dos anos ele sofreu a influência dos outros idiomas (holandês, espanhol e mais recentemente inglês) e hoje em dia já não se parece tanto. Algumas palavras não tem paralelo em nenhum outro idioma, o que leva a pensar que elas vieram dos índios Arawak que habitavam a ilha antes da colonização. Curiosamente, a maioria dos arubianos acredita que o papiamento e o português são parecidíssimos e aqueles que nunca tiveram contato com luso-parlantes acham inclusive que se falarem papiamento conosco, nós somos capazes de entendê-los tranquilamente e viceversa.

Eu não sou especialista em idiomas, mas na minha opinião, o papiamento de hoje em dia tem muito mais a ver com o espanhol que com português. Exemplos: existência de palavras com ie (miedo, fiesta, tiempo, gobierno), existência de palavras com ue (huez, cueva, pueblo) e a pronúncia de palavras com jota da mesma maneira que seria em espanhol, embora se escreva com h (hunto, husticia).

O papiamento de Aruba é bastante diferente na forma de escrever que o papiamento de Curaçao e Bonaire, porque as ilhas não chegaram a um acordo ortográfico alguns anos atrás. Eu acho o papiamento das outras ilhas bem mais fácil de ler que o de Aruba porque lá eles usam acento e aqui não, então você é obrigado a adivinhar a entonação da palavra caso não a conheça. Outra diferença é que os curaçolenhos são bem mais puristas que os arubianos e aqui, se você falar algumas palavras em papiamento e usar o resto em inglês, holandês ou espanhol, isso é aceito e entendido.

Como eu já tive visitas aqui no blog querendo aprender um papiamento básico, aqui vão algumas dicas essenciais:

  • Os pronomes pessoais são ami-eu, abo-você, e-eles e elas, nos (pronuncia-se nôs), boso (pronuncia-se bôzo)-vocês e nan-eles ou elas.
  • O plural das palavras é com o sufixo nan. Exemplo: pushi (gato) e pushinan (gatos).
  • Os verbos não declinam, o que deixa tudo mais fácil. No presente sempre usa-se o prefixo ta. Exemplo: ami ta gusta pan, nan ta gusta pan. No passado, usa-se o prefixo a. Exemplo: nos a come, ami a come. E no futuro, usa-se o prefixo ta bai. Exemplo: ami ta bai sali.
  • As palavras não tem masculino e feminino, o que também deixa tudo mais fácil, já que os pronomes, adjetivos e advérbios não declinam junto. Quando há necessidade de explicar se estamos nos referindo a um homem ou mulher, junta-se homber ou muhe na palavra. Exemplo: mucha é criança, indefinido. Para dizer menina diz-se mucha muhe e para menino, mucha homber. Hende significa gente, pessoas. Para dizer mulheres, fala-se hende muhe e homens, hende homber.
  • Para turistas, um vocabulário básico seria: danki (obrigado), bon dia, bon tardi e bonochi, con ta bai (tudo bem?), por fabor (aqui em Aruba existe a versão americanizada “plis” também), sunchi (beijo), brasa (pronuncia-se braça, sinignifica abraço e abraçar), ajo (pronuncia-se aiô, significa tchau) e dushi, que significa gostoso para comida, querido para pessoas e também significa bom de uma maneira geral.
  • A maior dificuldade, para brasileiros, em aprender papiamento é quando a origem da palavra é no holandês. Exemplo: wordo (significa tornar-se e usa-se para fazer o verbo passivo também), kashi (armário), tas (bolsa ou mochila), laat (tarde), toch (né? ou mesmo assim), bezig (ocupado) ou kla (pronto).
  • A língua portuguesa também deixou sua herança no papiamento. Algumas das palavras ou expressões comuns são: bolo, saia, ainda, bondia, bontardi e bonochi e basora (vassoura). A própria palavra papiamento vem de bater papo.
Se você quiser aprender papiamento fora de Aruba, existem algumas páginas on-line, mas nada em português. Existe uma página com vocabulário básico de papiamento criada por uma americana que morou em Curaçao. A maioria desse vocabulário serve para Aruba também.

18 de março – dia do hino e bandeira

bandeira de Aruba

Em 1976, quando ainda fazia parte das Antilhas Holandesas, Aruba decidiu fazer um concurso para o desenho de uma bandeira própria. Naquela época já havia um movimento para conseguir o status apart dentro do reino e a idéia de ter uma bandeira veio em união a esse desejo de ter uma bandeira que representasse sua história e seus objetivos.

Em janeiro daquele ano foi instaurada uma comissão que escolheu entre mais de 700 e a decisão da vencedora foi baseada em alguns critérios. Essa comissão determinou que na bandeira não poderiam existir brasões, slogans nem nada escrito, pois não seria possível ler à distância. O desenho teria que ser simples o suficiente para que uma criança pudesse desenhá-la, teria que ser barata para fabricar e distinta a todas as outras bandeiras existentes. As cores tinham que ser constrastantes e juntamente com desenho teriam que simbolizar Aruba e suas particularidades.

A bandeira escolhida, que acabou sendo uma junção de alguns desenhos finalistas passou a ter os seguintes símbolos:

  • o azul representando a cor do mar,
  • a estrela de 4 pontas, no canto superior esquerdo, que a deixa visível, mesmo quando a bandeira está balançando ao vento é a própria ilha. A bandeira de Aruba é a única que tem uma estrela de 4 pontas, ao invés da mais comum, de 5 pontas. As pontas são como uma bússola, representando os pontos cardeais e mostram que os arubianos vem de todas as partes. Cada ponta também representa os 4 idiomas falados aqui. A cor vermelha, é um símbolo da terra, mas também dos índios que habitavam a ilha e o seu sangue derramado. O branco que margeia a estrela é o branco das ondas e da areia das praias.
  • as listras mostravam o movimento para ter um status apart, sinalizando que Aruba caminha separada, mas ao lado do reino holandês. O amarelo também sinaliza o ouro que existia na ilha séculos atrás.
Essa época do ano é uma época de grande patriotismo e é impossível não notar os símbolos pátrios por todos os lados. Os turistas podem aproveitar para comprar souvenirs que são difíceis de encontrar no resto do ano, porque os supermercados e padarias aproveitam para vender tudo com o símbolo nacional: bolos, doces típicos, chocolate, licores, etc. No domingo, a grande maioria dos restaurantes vai estar oferecendo um menu com comida tradicional da ilha, então é uma boa oportunidade para comer comida típica. Se alguém for para o centro vai poder presenciar o desfile no estilo 7 de setembro, mas menos militarizado, na maior parte são colégios, grupos de escoteiros, etc. E por último, uma dica de última hora, hoje avisaram que no domingo a visita ao Parque Arikok vai ser gratuita, assim que aproveitem a oportunidade para ver o outro lado da ilha, com suas formações vulcânicas, a ponte natural, as cavernas com pinturas indígenas e, se tiverem um carro 4×4, ver a piscina natural também.
Produtos típicos de Aruba

Tá tudo dominado

Foto: reprodução

Até uma semana atrás eu nem sabia qual era a cara dele. Já tinha ouvido falar, porque não tem como com gente diariamente escrevendo alguma coisa no facebook a respeito (e normalmente com despeito) do sucesso dele. Assim que dois dias atrás por curiosidade, resolvi entrar no youtube e procurar quem era o tal. Foi justo a tempo, porque pelo jeito o fenômeno chegou por aqui também.

Hoje, pouco antes da uma da tarde, na principal rádio de Aruba, o dj anunciou que ia tocar 8 versões seguidas em idiomas distintos de Ai Se Eu Te Pego. Não, eu não escutei nenhuma, eu tinha mais o que fazer: estava a caminho da praia para aproveitar o sabadão. Mas, já vou explicando que não tenho nada contra o cara. Deu sorte e a música estourou? Ótimo para ele. Acho um saco essa de ter raiva de quem faz sucesso. Se fosse uma daquelas músicas do funk, que faz corar até caminhoneiro, eu me sentiria envergonhada de algo assim ser conhecido fora do Brasil. Mas o rapaz parece até gente boa e ainda por cima é de Campo Grande (não estou nem aí para onde ele nasceu, é de Campo Grande tanto quanto eu que não nasci mas fui criada lá). Quem sabe ele não consegue abrir o caminho no exterior para a música cantada em português, coisa que a Ivete não conseguiu?

Bon bini na Aruba, Michel Teló!

Um cadáver em nossa casa

Tudo começou na 5ª feira passada, quando comecei a notar moscas no nosso quarto. Nessa época do ano, depois da época das chuvas, é normal o aumento no número de insetos. No começo do ano passado tivemos muitos mosquitos e esse ano foi a vez das moscas. Mesmo assim, eu estranhei o aparecimento de moscas verdes e enormes no nosso quarto. Fechei as portas, pus um pouco de baygon e varri o quarto depois. No dia seguinte, outra vez o quarto se encheu de moscas. Comentei com meu marido que devia haver algum “ninho” de moscas ou coisa parecida e usei o flits de novo.

No sábado começamos a sentir o cheiro inconfundível de carne podre e pensamos que só podia ser alguma lagartixa ou ratinho que escapou do nosso gato. Tiramos colchão, travesseiros, puxamos a cômoda, o armário e nada. Só conseguimos dormir depois de por um desodorisante para disfarçar o cheiro, mas mesmo assim estava difícil. No domingo meu marido, com nariz mais apurado que o meu, notou que o cheiro vinha do ar condicionado. Abrimos, limpamos os filtros, ele tentou ver alguma coisa com a lanterna, mas nada.

Na 2ª feira, liguei para vários técnicos de ar condicionado, só para ouvir que antes de 4ª feira nada feito. O cheiro sumiu, mas depois das moscas verdes, passaram a aparecer larvas esquisitas arrastando-se pelo quarto. Eu até me lembrei de um dos episódios de CSI em que o Grissom explicava a ordem em que os insetos atacavam um corpo em decomposição e fiquei pensando que em breve chegariam os besouros.

Finalmente chegou a 4ª feira e a essas alturas o nosso visitante indesejável resolveu dar as caras. Ele deve ter escorregado um pouco de onde estava e foi fácil para o técnico tirá-lo de seu esconderijo. Vou poupá-los de fotos em close do nosso cadáver, porque detesto imagens escatológicas.

rabo da lagartixa

O rabinho da defunta

O técnico limpou e revisou todo o aparelho e descobrimos que a tal lagartixa estava usando o ar como casa dela. Havia um monte de restos de cocô e moscas mortas. Aproveitei e falei para o técnico revisar os outros aparelhos também e foi uma sujeirada só, nunca imaginei que ar condicionado acumulasse tanta porcaria. Eu, que nunca tinha tido ar condicionado antes de vir para Aruba, não sabia que eles tem que ser limpos por um técnico especializado a cada 6 meses. Os nossos ficaram 1 ano e 2 meses sem limpeza. 😮

Espero que agora acabem as crises constantes de tosse nos moradores dessa casa ;).

As placas dos carros

Uma coisa que muitos turistas notam quando vêm a Aruba nesta época do ano é o colorido das placas dos carros, já que na virada de um ano para o outro as cores mudam. Isso acontece porque ao pagar o IPVA, o dono do carro recebe uma placa nova, além de um papel onde consta que ele pagou o imposto. Isso significa que estar quites com o pagamento desse imposto é visível a todos, principalmente para a polícia, que faz blitz regularmente para checar se a documentação do carro está certinha. E eles obviamente costumam parar preferencialmente os carros que não estão com a placa atualizada.

Até o final de janeiro é obrigatório o pagamento do primeiro semestre de imposto, que dá direito à placa grande. E até julho é obrigatório o pagamento do segundo semestre, que dá direito à plaquinha pequena. Tem gente que pergunta se não tem como guardar as placas de um ano até esperar que aquela combinação de cores se repita. Só que seria preciso esperar bastante porque a possiblidade de combinação de cores é enorme e nos oito anos que eu conheço Aruba ainda não vi as cores se repetirem.

Uma diferença em relação ao Brasil é que aqui não é obrigatório andar com o documento de posse do veículo. Os únicos documentos pedidos numa blitz são: carteira de motorista (que aceitam de praticamente todos os países), documento de seguro anual obrigatório pago e o comprovante de pagamento de ipva.

Todos os carros de residentes começa pela letra A, seguida de um número, os carros de aluguel tem placas que começam pela letra V, de verhuur (aluguel), os carros oficiais tem placas iniciadas por D, de dienst, que significa serviço em holandês, os táxis tem placas que começam em TX e os veículos de transporte coletivo tem placas iniciadas em O.

É curioso que tem gente picareta em todas as partes e eu já vi muita placa esquisita por aí. Nesse ano que passou eu já vi: papelão pintado de vermelho e branco; papel impresso em qualidade fotográfica e colada a uma placa; placas de anos anteriores pintadas manualmente, mas como é difícil conseguir a tonalidade certa, ficava estranho, enfim, várias tentativas bizarras de burlar a lei.

Muitos turistas gostam de levar placas antigas de lembrança e no mercado de pulgas da área dos low rise hotels tem até algumas à venda. Se você vier de visita a Aruba e quiser um souvenir diferente, por cinco dólares já podemos conversar, hehehe. 😉

Como é que eu vim parar aqui?

 

Uma das coisas mais interessantes de se escrever um blog é saber como os leitores chegaram. E a grande maioria dos leitores de qualquer blog chega através do google. Quanto mais posts existem, maior a possibilidade do sr. google apresentar o blog como resultado para uma possível busca.

No caso do meu blog, claro que a grande maioria chega procurando sobre Aruba, mas à medida que o número de posts aumenta, também aumentam os que caíram de paraquedas. Então vamos, a alguns exemplos bem curiosos de leitores que chegaram ao meu blog graças ao google:

  • Diziam os antigos do dia 13 ao dia 24 de dezembro, clima do ano seguinte;
  • Pérgola entre casa e muro;
  • Samba de avião em inglês;
  • Como dar uma festa de arromba;
  • Grupo de coreografia pescadores do rei;
  • Marcas de água mineral importada da Espanha;
  • Pacote sumiu;
  • Apartamento em Madrid para 4 pessoas particular;
  • Danças venezuelanas;
  • Correios do Brasil são bons.
  • A gente bate palmas na frente das casas nos estados unidos?
  • Projeto de bandeiras de balões (pelo menos 1x por semana alguém aparece aqui no blog com essa pesquisa)
  • Coqueiros nos jardins
  • Maquiagem de palhaço assustador.

E você, também caiu de paraquedas aqui? Conte a sua história 😉

Velório e enterro em Aruba

coroa de flores

Sabe um choque cultural que eu nunca ouvi nenhum expatriado falar? É a questão dos costumes em relação à morte. Em Aruba a questão do velório e enterro é tão diferente do Brasil que não consigo deixar de comentar. Em outubro eu completei dez anos fora do Brasil e nove anos junto com meu marido. E eu posso dizer com bastante segurança que em todo esse tempo não houve uma única vez que, ao ouvir falar de uma notícia de morte/velório/enterro, ele não expressou espanto com a rapidez que esse ciclo se completa no Brasil.

Ele (e todos os outros estrangeiros que já conheci) fica absolutamente chocado ao ouvir que existem pessoas que são enterradas no mesmo dia que morreram e até já me perguntou se no Brasil alguém já ouviu falar de catalepsia. Eu já respondi que sim, mas aparentemente ninguém dá muita bola para isso ou prefere acreditar que é algo que só acontece com os mortos dos outros.

Nos três países que já morei: Espanha, Holanda e Aruba, o processo acontece mais ou menos assim: o enterro acontece entre 4 a 7 dias da morte e o velório acontece neste período. O corpo normalmente fica na geladeira da funerária e a família pode optar por condolências com o corpo presente ou não. O mais comum é que a família vele o corpo a sós e as condolências sejam recebidas numa sala da funerária ou em casa. O lugar de receber as condolências e o horário são publicados no jornal. Aliás, a questão do anúncio no jornal é muito curiosa aqui em Aruba. Além da família anunciar, também as empresas/instituições que tinham alguma relação com o morto ou com sua família o fazem. Por exemplo, saem muitos anúncios assim: estamos consternados em anunciar o falecimento de fulano de tal, (avô, pai, irmão, marido, primo, cunhado, sogro, tio) da nossa funcionária fulana de tal. Isso faz com que cada morto tenha vários anúncios e também que os jornais tenham várias páginas de obituário, mesmo com poucas pessoas falecidas. Eu já cheguei a pensar se as empresas tem uma verba especial para estes anúncios.

Talvez muitos brasileiros pensem que não existe nenhum motivo para esperar para enterrar, principalmente quando a questão da catalepsia pode ser descartada (num acidente, por exemplo). Mas outro motivo importante é que sempre se espera pela chegada de parentes para que eles também possam passar pelo processo de se despedir da pessoa querida. Aqui ainda existe o fato de que, na grande maioria dos casos, existem parentes que vivem fora, normalmente na Holanda, que tem que fazer seus arranjos para poder vir ao funeral. Eu, pessoalmente, acho essa decisão bastante respeitosa com os que vivem longe e importante para o processo de luto.

Antes do enterro acontece a missa de corpo presente. Nem aqui, nem na Holanda, nem na Espanha existe a missa de sétimo dia nem nunca se ouviu falar disso. Como esse processo de tornou tão rápido no Brasil é uma curiosidade que eu tenho assim como saber se essa rapidez tem paralelo em algum outro lugar do mundo ou é exclusiva nossa.

Presente real

Semana passada meu marido teve uma tarde de Oprah, como ele diz: de surpresas e presentes. Ele e alguns outros organizadores da visita foram avisados que tinham recebido umas lembrancinhas da Rainha. Ao parecer, na sua volta à Holanda, ela foi às compras e resolveu mandar uns presentinhos para agradecer àqueles que trabalharam para que tudo corresse bem na sua visita. Está bem, não foi ela, deve ter sido a secretária do assessor de alguém que trabalha pra ela, mas já valeu.

Olhem só os mimos. Eu consegui tirar fotos deles ainda em suas caixas porque em Marte ou qualquer que seja o planeta de onde vêm os homens, a curiosidade definitivamente não existe. Meu marido foi capaz de deixar os presentes devidamente embrulhados para abrir junto comigo horas depois, enquanto eu demoraria uns 5 segundos para abrí-los imediatamente após receber.

presentes com cartão

Embrulhadinhos com selo, laço e cartão

Detalhe do selo real

Detalhe do selo real

Os presentes não estavam embrulhados em papel, mas sim numa espécie de couro fino, não sei se de algum animal ou sintético.

O que eram?

vista geral dos presentes

O presente grande era uma foto autografada da Rainha. O médio era uma peça de porcelana com o símbolo do reinado dela, vejam o detalhe da letra b em forma de coração. Esse b unido com um c na frente, formando uma espécie de coração foi desenhado pela própria rainha. Dizem que para homenagear o seu finado marido Claus.

porcelana real

E o pequeno foi a moeda comemorativa que se fez para a visita. Pela primeira vez, na história do reino holandês, foi cunhada uma moeda com cores. Na parte de cima, a cor da casa real e na parte de baixo as cores de Aruba.

moeda real

O que estava escrito no cartão? Nem beijinho nem abraço, hehehe. Simplesmente: Sua Majestade a Rainha.

Cartão real